A tailandesa que serviu de barriga de aluguer e deu à luz dois bebés pretende adotar a irmã do bebé abandonado com Trissomia 21, pelos pais adotivos. Pattaramon Chanbua, 21 anos, adotou a bebé alegadamente rejeitada pelo casal australiano, que levou apenas para casa a irmã, aparentemente saudável.

Agora, a tailandesa quer cuidar também da irmã depois de se tornar público que o pai adotivo foi condenado três vezes por abusar sexualmente de crianças. Segundo a Associated Press da Austrália, os documentos do tribunal mostram que o homem, que tem por volta de 50 anos e cuja identidade não é conhecida, abusou, pelo menos, de três raparigas com menos de 13 anos. A última vez que esteve preso foi em 1990 por atos de pedofilia com duas raparigas com menos de 10 anos. Foi condenado a três anos de cadeia. O site Nine Network diz que a mãe adotiva da criança confirma que o marido tem “um distúrbio”.

O caso começou quando um casal australiano contactou uma agência de barrigas de aluguer na Tailândia. Queriam ter uma família. Pattharamon Chanbua aceitou. Teve gémeos. Quando nasceram, o casal só levou a rapariga para casa. Estão a ser acusados de ter abandonado o menino, que tem Síndrome de Down, uma infeção no pulmão e insuficiência cardíaca. Os pais dizem que tinham apenas conhecimento de um bebé. A mãe biológica rejeita e diz que o pai, na altura do nascimento, visitou os dois bebés no hospital. Mais: Pattharamon Chanbua conta que os pais souberam que iria ter gémeos. Aos quatro meses de gestação, foram informados de que um deles tinha Trissomia 21. Perante o desconforto, pediram-lhe para abortar. A tailandesa recusou. Disse que o aborto ia contra as suas crenças budistas, adiantou ao jornal australiano ABC.

Os pais adotivos, que não querem ser identificados, dizem que tiveram “vários problemas” com a agência e descreveram a experiência como “traumatizante”, refere a BBC. “Quando chegámos ao hospital, vimos lá poucas pessoas. Não sabíamos quem era a senhora, foi muito confuso. A barreira da língua é complicada”, justificaram. O casal insiste na inocência e revela que a decisão de constituir família lhes tirou “cada cêntimo” que tinham. “Tivemos de poupar muito tempo para conseguir pagar uma barriga de aluguer”. Pagaram 11.094 euros a Pattharamon Chanbua, residente em Bangecoque. Reforçam que os problemas estão na agência, que “já nem sequer existe”, apontam.

A mãe de aluguer contou que o pai, ao chegar ao hospital, nunca olhou para o rapaz. Pegou na menina e foi embora, “apesar de os bebés estarem lado a lado”, conta. O caso está a gerar polémica na Austrália. O primeiro-ministro do país, Tony Abbott e o ministro da Imigração, Scott Morrison, já lamentaram a situação. “É incrivelmente triste”, sintetizou o primeiro. Perante a pressão pública para agir, Morrison lembrou que o caso aconteceu num país com outra legislação. À agência Associated Press referiu que o bebé poderia adquirir a nacionalidade australiana e que, nesse caso, teria cuidados médicos gratuitos no país. Para já, o gabinete do ministro avançou que estão a analisar o assunto.

A tailandesa adotou o bebé e diz estar a ponderar processar o casal de Perth, Austrália. O caso gerou uma onda de solidariedade. Até agora, já foram angariados mais de 98 mil euros para ajuda nas despesas médicas do bebé. A “maternidade de substituição” é ilegal na Austrália. Na Tailândia, é um negócio em crescimento. As autoridades australianas estimam que sejam “cerca de 200” os casais australianos que esperam filhos gerados por mulheres tailandesas.

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