O ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa António Carmona Rodrigues disse numa entrevista publicada esta quarta-feira pelo Diário de Notícias que sem um plano de intervenção nos sistemas de escoamento de águas – há um pronto há vários anos – as inundações vão ser cada vez mais frequentes. Na terça-feira, António Costa anunciou a criação de uma equipa para pôr em prática o plano de drenagem para a cidade, mas disse que este “não evitará” inundações como as que ocorreram na segunda-feira.

“Enquanto nada se alterar na componente terrestre do ciclo hidrológico em Lisboa, vai com certeza continuar a haver situações destas, porventura até com maior frequência”, disse Carmona Rodrigues. Enquanto vereador, apresentou a proposta para o plano de drenagem da cidade, que ainda não foi concretizado. Sobre esta situação, o ex-presidente da Câmara questiona as razões de o plano não ter sido ainda posto em prática:

Acredito – não sei, não estou lá – que possa haver hoje mais aperto financeiro do que, se calhar, havia antes. Tem-se falado um pouco disso. E depois são questões de opções, opções políticas, opções que a câmara e a Assembleia Municipal tomam sobre o que deve ser feito na cidade. Se não foi até agora, ou não foi prioritário ou não houve disponibilidade financeira. O executivo justificou, aliás, com “constrangimento financeiros” a concretização reduzida do plano.

Carmona Rodrigues não está convencido que o plano chegue mesmo a ser posto em prática. “É natural que a seguir a uma cheia muita gente fale, muita gente diga que se vai fazer muita coisa. Receio que, depois, pouca coisa venha a fazer-se”, disse ao DN.  

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Sobre o valor do plano – um investimento de 153 milhões de euros – Carmona Rodrigues disse não saber o que contempla esse valor, mas defende que não é necessário fazer “tudo de uma vez”

Não é obrigatório fazer o tal túnel, mais não sei quantas bacias, mais isto, mais aquilo. Se se começar a fazer duas ou três bacias em vez de se começar a fazer 10 ou 12, com certeza será muito mais barato e já vai dando resultados.

O antigo autarca aponta ainda o dedo ao “desconhecimento” e à “falta de capacidade de resolver problemas” das entidades públicas que, diz, ignoram a realidade.