“Portugal não aguenta ter eleições em outubro, o que vai significar viver a prazo, sem orçamento e sem planificação”, quem o diz é o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), João Machado, em declarações ao jornal i, esta segunda-feira.

Os representantes dos setores empresariais portugueses, ouvidos pelo mesmo jornal, defendem, de resto, a mesma posição de João Machado: as eleições legislativas de 2015, previstas para setembro ou outubro, devem ser antecipadas. Em causa, está a preparação do Orçamento do Estado para o próximo ano sem o fantasma das eleições.

Mais prudente, a Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) ainda apela à “estabilidade política”, deixou o aviso: “Se entrarmos em campanha em vez de governarmos com eficácia, então será preferível antecipar [as eleições]”. António Saraiva acredita que o Executivo começa a dar “sinais de cansaço” e de “desagregação” e teme que, por isso, os partidos entrem em campanha eleitoral numa altura decisiva para a economia do país.

Posição semelhante, mas mais afirmativa, tem o líder da CAP, João Machado, que considera que a antecipação das eleições legislativas é do maior interesse nacional. “Nem sequer me estou a preocupar como o efeito eleitoral que possa ter no partido a, b ou c, estou a pensar no interesse do país, num ano difícil que esperamos ser 2015, e de vivermos até ao início de 2016 sem orçamento”, alertou João Machado.

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O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, por seu turno, avisou para o facto de que “a pressão das eleições [pode levar] a que os partidos proponham medidas que não são as mais adequadas”. João Vieira Lopes afirmou, também, que “é mais razoável” antecipar as eleições para maio ou junho para ser já o novo Governo a “preparar o Orçamento do Estado” para 2016 sem condicionantes eleitorais.

Luís Reis, presidente da Confederação dos Serviços de Portugal (CSP), e Francisco Calheiros, da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), defendem o ajustamento do calendário eleitoral à apresentação da proposta de Orçamento. O presidente da CSP acredita que a saúde económica do país “beneficiaria com uma clarificação eleitoral antes do período do orçamento” e que o “Presidente da República saberá ouvir as pessoas adequadas e tomar a decisão que melhor defender os interesses” de Portugal. Já Francisco Calheiros reafirmou que “os mandatos são para cumprir”, mas admitiu que, a manter-se a data prevista para as eleições (outubro), “isso vai significar que se entra em janeiro sem orçamento” – o que o preocupa.

Apesar das pressões de António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, recusou, para já, qualquer entendimento com a oposição no sentido de antecipar as eleições legislativas de 2016 para o primeiro trimestre do ano. Resta agora saber qual será a decisão do Presidente da República, a quem compete marcar as eleições. Caso entenda que essa é a melhor solução para o país, Cavaco Silva terá de dissolver a Assembleia da República e deixar cair o Governo PSD/CDS.