O primeiro-ministro português garantiu estar “tranquilo” quanto ao trabalho que foi feito pelas instituições bancárias em Portugal, que provaram que “a banca portuguesa, afinal, está em melhores condições de que muitos outros bancos” do espaço europeu. Passos Coelho falava aos jornalistas, esta segunda-feira, no Palácio de Santana (Ponta Delgada), à margem da reunião com o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro.
Referindo-se especificamente ao caso do BCP, que este domingo chumbou no cenário mais adverso dos testes de “stress” conduzidos pelo Banco Central Europeu e pela Autoridade Bancária Europeia, Passos Coelho lembrou que os dados sujeitos a análise eram respeitantes ao ano de 2013, mas que “em 2014 já foram tomadas medidas que respondem praticamente a todas as preocupações demonstradas”.
Garantindo, mais uma vez, que o BCP “não precisa de proceder a nenhum aumento de capital”, Pedro Passos Coelho afirmou ter esperança que “à medida que o mercado se for apercebendo [do trabalho feito pelo banco em 2014] o impacto negativo deste chumbo vai-se esbatendo”.
Passos Coelho lembrou, ainda, que as medidas tomadas pelo BCP “já permitiram ao banco pagar uma parte muito significativa do dinheiro emprestado pelo Estado” e que, mantendo-se os prazos previstos, o dinheiro que os contribuintes emprestaram ao banco será, em breve, devolvido.
Questionado pelos jornalistas, o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, reconheceu a necessidade de reduzir funcionários públicos em Portugal, mas lembrou as restrições “de natureza jurídico-constitucional” que têm impedido “fazer uma transformação da administração pública mais rápida”.
“Nós temos noção que tivemos algumas restrições, algumas até de natureza jurídico-constitucional, que nos têm impedido de fazer uma transformação da nossa administração pública mais rápida”. Esta foi a resposta de Passos Coelho às recomendações inscritas no Economic Survey 2014 de Portugal, apresentado esta segunda-feira de manhã pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), onde se podia ler que “[Portugal deve] continuar a melhorar a eficiência do setor público através de uma maior redução do número de funcionários públicos”
O primeiro-ministro fez questão de lembrar que a reforma da administração pública está em curso e que muito já foi feito nesse sentido, nomeadamente com o recurso às rescisões amigáveis e à não reposição direta de funcionários, quando outros se aposentam.
Passos Coelho reafirmou, também, que as reformas estruturais que estão a ser desenvolvidas “aumentam significativamente o potencial da nossa economia a media e a longo prazo”, pelo que o esforço deve continuar a ser feito nesse sentido.
Quando confrontado com previsões menos otimistas da OCDE sobre o crescimento da economia portuguesa – a organização acredita que Portugal vai crescer 1,3%, abaixo do esperado pelo Governo, e que o défice vai atingir os 2,9% do PIB, valor mais alto que as previsões mais recentes do Executivo – e sobre a necessidade de rever e eliminar as isenções e os benefícios fiscais, Pedro Passos Coelho admitiu “que existem diferenças de opinião entre as políticas macroeconómicas” do Governo e as considerações tecidas pela OCDE, mas considera que ninguém pode acusar o Governo de falta de “impulso reformista”, atendendo às reformas que foram feitas no IRS, no IRC e nas matérias de fiscalidade verde.