A Autoridade Portuguesa do Medicamento (Infarmed) deu ordens para que, já esta quarta-feira, comecem a ser retirados do mercado os 20 medicamentos estudados no centro de ensaios da GVK Biosciences que são comercializados em Portugal. Em causa está uma recomendação da Agência Europeia do Medicamento, depois de terem sido detetadas falhas relacionadas com as regras de qualidade, segurança e eficiência. O presidente do Infarmed tranquiliza contudo os doentes, dizendo que estes “não correm riscos”.
“Demos instrução para a empresa recolher os medicamentos do mercado até à decisão final da Comissão Europeia”, anunciou Eurico Castro Alves, presidente do Infarmed, durante uma conferência de imprensa.
O responsável sublinhou que “qualquer um destes medicamentos tem várias alternativas semelhantes e são por isso facilmente substituíveis”, além de que “são medicamentos de baixíssimo consumo em Portugal“. As vendas de alguns deles não ultrapassam as “escassas dezenas” de embalagens num ano.
Dos 700 medicamentos genéricos da empresa farmacêutica onde a Agência Europeia do Medicamento encontrou falhas nos procedimentos de qualidade e segurança, 69 têm autorização de comercialização em Portugal, mas apenas 20 estão a ser realmente comercializados, explicou Eurico Alves.
“É uma medida de segurança”, reiterou o presidente do Infarmed, que repetiu por várias vezes não haver “qualquer risco para os doentes”. “Neste momento não há qualquer indício de que haja qualquer problema com esses medicamentos”, afirmou, acrescentando que se trata de uma medida preventiva, já adotada também por outros países na Europa.
Entre os 20 medicamentos constam analgésicos, anti-inflamatórios, anti-histamínicos e antidepressivos, e “se houvesse qualquer problema com algum desses medicamentos, nós já o tínhamos sabido [através do reporte de reações adversas] e já tínhamos tomado uma decisão”.
A Agência Europeia do Medicamento (EMA) recomendou a suspensão da venda de 700 fármacos genéricos cujos ensaios clínicos tinham sido feitos na Índia pela empresa GVK Biosciences, depois de terem sido detetadas falhas nos procedimentos que podem perverter o resultado final da avaliação dos mesmos. Uma dessas falhas, e talvez a mais grave, denunciada pela agência francesa do medicamento, passou pela falsificação de eletrocardiogramas, durante a condução de alguns estudos.
O Observador já perguntou ao Infarmed quais os medicamentos que vão ser retirados, mas não obteve ainda resposta.