O líder do PS, António Costa, foi um dos milhares de foliões no carnaval de Torres Vedras e disse que, se chegar a primeiro-ministro, quer devolver a terça-feira de carnaval aos portugueses. Sem querer falar da política nacional e internacional, António Costa, questionado se estava mascarado de primeiro-ministro, riu-se, respondendo logo de seguida que vinha “disfarçado de si próprio”.

Enquanto falava aos jornalistas, era abordado por um mascarado de prisioneiro com um cartaz a dizer “em férias em Évora”, em alusão ao ex-primeiro-ministro e ex-secretário-geral do PS, José Sócrates. O líder do PS, que quis vir dar apoio ao presidente da câmara de Torres Vedras, o socialista Carlos Miguel, no esforço de “manter e projetar” o evento, num ano em que vai submetê-lo a uma candidatura a património mundial, reconheceu que o carnaval “é muito importante para a economia da região”, por isso, se chegar a primeiro-ministro, pretende devolver a terça-feira de carnaval aos portugueses.

“É urgente retomar a liberdade de podermos voltar a festejar o carnaval, porque é um momento de descompressão, de alegria, das famílias se encontrarem, mas também um momento de as pessoas puderem festejar, brincar com coisas mais sérias e menos sérias”, disse aos jornalistas.

O verdadeiro António Costa pode ver ao vivo a sua caricatura, a fazer de Cristo redentor, a escalar a torre do poder, onde no cimo estão Passos Coelho e Paulo Portas e em baixo José Sócrates dentro de grades, e ainda numa enorme cama com Passos Coelho e Paulo Portas, uma vez que o carnaval teve este ano como tema o amor.

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De acordo com a organização, deverão ter passado por Torres Vedras, nestes quatro dias, cerca de 350 mil visitantes e nem a chuva que caiu no sábado, em pleno corso noturno, “intimidou os foliões torrienses”, disse César Costa, da empresa municipal Promotores, responsável pela organização do evento.

Com o tempo a ajudar e o sol a aparecer, o corso de domingo ultrapassou os 50 mil visitantes, tendo sido o melhor destes quatro dias e atraindo visitantes de vários pontos do país, segundo a organização. Foi o caso de Rita Santos, de Setúbal, pela primeira vez ao carnaval de Torres Vedras. “Tinha interesse em vir conhecer o carnaval de Torres e este ano decidi vir. Estou a gostar mais dos carros alegóricos de sátira política”, afirmou à agência Lusa. De Lisboa, a família Morna, que, segundo o pai, Mário Morna, quis vir mostrar as tradições do entrudo aos dois filhos, um deles, a Inês, que se mascarou de espanhola.

Os espetadores vão observando os carros alegóricos, conhecidos pela sátira política, e rindo com a espontaneidade dos mascarados, como as tradicionais matrafonas, homens que em Torres Vedras se vestem de mulher, usando vestuário ousado, como a minissaia. Entre elas, está “Rosita”, o nome com que António Santos, 66 anos, quer ser chamado. De minissaia, cabeleira e de acordeão ao peito, disfarçado da cantora popular Rosinha, o folião disse que já se mascara há mais de 40 anos, sempre de matrafona, o traje típico dos homens da cidade.

A tradição junta várias gerações em pleno corso, como a família de Ana Sousa e o marido Artúr Lázaro, que admitem ser uma família de foliões. Ambos mascarados de ciganos, acompanhados pela filha, de nove anos, com disfarce de gata, referem que são naturais da cidade e “vivem o carnaval intensamente”.

O carnaval de Torres Vedras, que gera receitas na ordem dos 10 milhões de euros na economia local, teve este ano como “convidados” o primeiro-ministro, Passos Coelho, o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, o líder do PS, António Costa, a chanceler alemã, Angela Merkel, banqueiros, o Zé Povinho e o futebolista Cristiano Ronaldo, algumas das caricaturas dos carros alegóricos que este ano desfilaram.