Uma saída da Grécia da zona euro “não seria um cenário que devesse ser celebrado por ninguém, porque seria algo desastroso para os gregos. Mas se Atenas não quiser aplicar as reformas que façam a Grécia regressar ao crescimento e a finanças públicas sustentáveis, deixar o país sair seria o resultado menos mau“. Esta é a posição assumida pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal, em editorial, que acredita que Portugal, Irlanda e Espanha “não seriam arrastados“. Pelo contrário, “até poderia ser um aviso e um incentivo para que estes países façam mais para consertar as suas economias”.

“Aceitar as exigências do Syriza nesta altura seria um duro golpe para uma zona euro que necessita urgentemente de crescimento mais rápido”, defende o The Wall Street Journal (WSJ). Em editorial, o WSJ diz que “o principal argumento que se pode encontrar contra a saída da Grécia é que possa danificar a aura de permanência do bloco [a união monetária], transformando o euro mais num sistema monetário com fixação do valor cambial cujos membros podem entrar e sair à sua vontade”. “Mas duvidamos que outros países quererão seguir o exemplo da Grécia quando virem os danos que isso causará aos gregos” caso o país acabe por sair da zona euro, defende o WSJ.

Na realidade, acredita o jornal financeiro, os outros países “até podem tomar esse aviso como um incentivo para fazer mais para consertar as suas economias”. “O que não é sustentável é permitir a membros da zona euro fazerem bullying para obter acordos que beneficiem das vantagens de uma união monetária sem viver segundo as regras“.

Governo grego não é sério, diz o WSJ

É que apesar de a direção do jornal reconhecer que o desenho dos resgates europeus tinha “falhas“, com muito ênfase no aumento de impostos para aumentar a receita e poucas reformas para o crescimento, “um governo sério na Grécia disponibilizar-se-ia a insistir com a privatização e a desregulação em troca de alguma margem de manobra adicional para baixar os impostos e diminuir o ímpeto do corte da despesa pública”. “Mas o Syriza tem insistido no regresso a algo que se assemelha ao status quo ante, com mais despesa, medidas fiscais anti-crescimento e atrasos ou interrupções na desregulação” da economia, advoga o WSJ.

Na análise do jornal, “Atenas quer que os credores recompensem os cidadãos gregos por terem eleito um governo empenhado em contrariar a prossecução das reformas de que a Grécia necessita“. “Se os credores permitirem que Atenas aumente a despesa pública ao mesmo tempo que faz marcha-atrás na flexibilização do mercado laboral e nas privatizações, irão encorajar movimentos anti-reformas noutros locais”. À espreita estão o Podemos em Espanha e o Sinn Fein na Irlanda, bem como partidos em Itália.

Por esta razão, e porque “ao contrário do que acontecia em 2010 e 2012”, a saída da Grécia já não apresenta um “risco de contágio financeiro”, o jornal financeiro defende que se deve equacionar “deixar a Grécia ir“.

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