Paulo Portas decidiu brincar com as polémicas da última semana: a forma como pediu a demissão “irrevogável” no verão de 2013 e o estatuto que Passos Coelho lhe deu no último debate quinzenal.

“Apresenta-se ao serviço o líder do principal partido da oposição, se tiverem perguntas podem enviar um SMS”, gozou o vice-primeiro-ministro, quando os jornalistas quiseram ouvir a sua versão sobre os temas.

Com a ironia, Portas pretendeu pôr fim à polémica levantada pela biografia autorizada de Passos Coelho, apresentada esta semana, que adiantava que em julho de 2013 o primeiro-ministro teria recebido o pedido de demissão do seu parceiro de coligação via SMS. O vice-primeiro-ministro e líder do CDS-PP fez um desmentido formal, garantindo que se demitiu, formalmente, por carta. Um dia depois, no parlamento, a polémica voltou, quando Passos tratou Portas como “o líder do principal partido da oposição”. E não faltaram as notícias e as análises sobre estas questões após o anúncio de que os dois partidos se apresentarão coligados nas próximas legislativas.

Em tom mais sério, o vice-primeiro-ministro disse depois que Portugal não está numa situação ideal, mas é um dos três países da União Europeia que mais vão crescer este ano e o crescimento será “acima dos 2%” nos próximos anos.

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“Não estamos numa situação ideal. À nossa volta, a zona Euro ainda é muito anémica, mas não deixa de ser um sinal dos tempos que três dos países que vão crescer mais em 2015 sejam, precisamente, os países que fizeram reformas, Portugal, Irlanda e Espanha”, que têm “níveis de crescimento económico superiores a muitos outros países da União Europeia e claramente entre os países que crescem mais na zona euro”, disse Paulo Portas, em Aljustrel.

Segundo o governante, Portugal vai “crescer, nos próximos anos, claramente acima dos 2%” e precisa “que isso aconteça” e de “conseguir, ao mesmo tempo, três coisas: moderação fiscal, criação de emprego e serviço da dívida e isso só se faz com um crescimento sólido e sustentado”.

O vice-primeiro-ministro falava numa cerimónia que hoje marcou o início da sua visita à lavaria e ao interior das minas de Aljustrel, no Alentejo, onde também inaugurou um novo laboratório mineralógico.

“Os melhores dias, face ao passado, já cá estão e melhores dias virão”, disse Paulo Portas, frisando que Portugal “tem hoje uma economia melhor, vai a caminho de um cenário macroeconómico bem mais positivo” e precisa “absolutamente de investimento nacional e estrangeiro”.

O vice-primeiro-ministro deu os parabéns à empresa concessionária das minas de Aljustrel, a Almina, pelo investimento nacional, num projeto com internacionalização, inovação e “criação massiva de postos de trabalho” e para a exportação.

“É só disto que nós precisamos para que o país ande para a frente”, defendeu.

Segundo Paulo Portas, atualmente, Portugal tem os melhores indicadores de confiança económica desde 2002, relativamente aos consumidores, e desde 2008, em relação a empresários, o que “significa que há um momento de confiança”.

Neste sentido, Paulo Portas chamou a atenção para os números que já saíram das candidaturas aos novos fundos comunitários de projetos de investimento relativos a inovação e qualificação.

De acordo com o vice-primeiro-ministro, Portugal tinha cerca de 400 milhões de euros de dinheiro disponível para comparticipar investimentos com inovação e qualificação e “apareceram candidaturas de empresas no valor de 1.700 milhões de euros”, “uma procura muitíssimo superior”.

“O que quer dizer que há muitas empresas portuguesas que estão a pensar se vão investir e que vão investir e esse é o melhor sinal positivo que podemos ter para a nossa economia”, defendeu, frisando que “nenhum país em crise de confiança regista esta procura do ponto de vista do investimento”.

No entanto, disse, “temos uma batalha incessante relativamente à questão do desemprego”, que “só será virtuosamente vencida quando conseguirmos que o desemprego chegue pelo menos à média da zona euro e depois baixe dos dois dígitos”.

Trata-se de “um caminho incessante que temos de fazer com investimentos, porque para criar emprego é preciso ter políticas que atraiam emprego”, defendeu, lembrando que a taxa de desemprego em Portugal já foi de 17,7%, o que “era um número muito perigoso”, mas, no último mês, foi de 13,5%.

“Prefiro ter a curva do desemprego a descer do que fazer parte daqueles países que têm a curva do desemprego estagnada ou a subir”, afirmou.