O Bloco de Esquerda anunciou este domingo que apresentará um manifesto eleitoral que rompe com a lógica de austeridade da coligação PSD/CDS e PS, recusando as regras do Tratado Orçamental e colocando como prioridade a reestruturação da dívida.

Em conferência de imprensa, após uma reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda (o órgão máximo desta força política entre convenções), a coordenadora dos bloquistas referiu que o manifesto eleitoral será apresentado publicamente no dia 30 de maio, estando também já agendadas uma conferência nacional do BE para 21 de junho e uma nova reunião da Mesa Nacional para 5 de julho (que ratificará o programa).

Perante os jornalistas, Catarina Martins considerou que no debate público se assiste “a uma aparente bipolarização” entre PSD/CDS e PS em termos de propostas para as próximas legislativas, mas assinalou que “ambas partem do quadro do cumprimento do Tratado Orçamental da União Europeia e da recusa em relação à reestruturação da dívida portuguesa”.

“Ou seja, tanto com a coligação PSD/CDS, como com o PS, mantém-se a obrigação do país de cortar em cada ano o equivalente a 5,8 mil milhões de euros no Orçamento do Estado, mais ou menos o equivalente ao que se gasta com a escola pública num ano. Portanto, não estamos a falar numa alternativa à política de austeridade, mas da perpetuação da austeridade em Portugal”, disse a coordenadora bloquista.

De acordo com Catarina Martins, apesar de o Bloco de Esquerda “não desconhecer as dificuldades” que se colocam à apresentação de uma via alternativa dentro do atual quadro europeu, mesmo assim esta força política vai propor um manifesto eleitoral tendo na sua base “desde o início a reestruturação da dívida e a rejeição das metas do Tratado Orçamental”.

“É a única forma de proteger o país, de haver investimento e criação emprego, e defender o Estado social enquanto garante de igualdade e democracia. A uma bipolarização entre duas formas de fazer mais austeridade – entre a coligação PSD/CDS e o PS -, o Bloco de Esquerda contrapõe com a necessidade de apresentação de um programa fora desses constrangimentos”, salientou Catarina Martins.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR