O telemóvel tornou-se num prolongamento das mãos dos jovens nos países desenvolvidos: é muito difícil encontrar um adolescente que não ande pela rua de olhos pregados no ecrã luminoso de um dispositivo móvel. Para onde caminham? Para uma pauta de avaliação menos positiva na escola, de acordo com um estudo da Escola de Economia de Londres.
Dizem os economistas britânicos que banir a utilização de telemóveis nas instalações escolares tem um impacto tão importante quanto aumentar 1 hora por semana à carga horária escolar ou acrescentar cinco dias ao ano letivo, escreve a CNN.
Esta conclusão chegou às mãos dos investigadores depois de terem comparado as políticas sobre tecnologias de 91 escolas a partir de 2001 – o equivalente a estudar 130 mil estudantes entre os 14 e os 16 anos. De acordo com a revista Time, 50% das escolas britânicas baniram os telemóveis nas escolas em 2007. Cinco anos depois, 98% das escolas tinham um regulamento que controlava a utilizações de telefones móveis.
O que aconteceu aos alunos que deixaram de utilizar telemóveis durante o horário escolar? Os alunos com notas medianas viram as suas avaliações aumentarem na ordem dos 6,4%, um valor que sobe para 14% no caso dos estudantes com dificuldades de aprendizagem. Nos alunos com avaliações mais altas, a utilização de telemóvel durante as aulas não parece ter influência no sucesso escolar.
O The Guardian explica o motivo por trás deste fenómeno. Em princípio, as novas tecnologias são um instrumento de produtividade quando utilizadas corretamente. Através dos telemóveis podemos fazer pesquisas, criar redes de conexão e tirar partido das funcionalidades lúdicas destes dispositivos. Mas para os alunos mais distraídos e desatentos, o telemóvel permite fácil acesso a jogos, mensagens de texto e atividades de lazer online.
Estes argumentos não foram suficientes para demover o mayor de Nova Iorque, que decidiu cancelar uma proibição de dez anos de utilização dos telemóveis nas instalações escolares. Diz Bill de Blasio que desta maneira “a desigualdade iria reduzir”, conta a BBC.
Para os autores deste estudo, “as escolas poderiam reduzir significativamente as lacunas na educação ao proibir a utilização de telemóveis”.
Em Portugal, o telemóvel é o instrumento mais utilizado para aceder à Internet pelos jovens. Foi o que demonstrou um estudo de 2014 do Instituto Nacional de Engenharia de Sistemas e Computadores, que inquiriu 6.500 estudantes do ensino secundário.
Esta investigação também permitiu saber que 60% dos jovens recebeu o primeiro telemóvel ainda no segundo ciclo, entre os 10 e os 12 anos. A partir dos 14 anos, apenas 0,4% dos adolescentes em Portugal não usa telemóvel.