O cometa C/2014 Q1 Panstarrs foi observado pela primeira vez a 26 de agosto de 2014 e fará em julho a passagem mais próxima do Sol. É melhor aproveitar para o tentar ver, porque só volta passar no interior do sistema solar daqui a 40 mil anos (38.671,88 para ser mais preciso). Mas vê-lo não será uma tarefa fácil.
À medida que se for aproximando do Sol, o gelo na superfície do cometa, que se formou nas áreas mais frias do universo, vai derreter e libertar poeiras e elementos químicos. Os ventos solares vão “soprar” esta nuvem de gases e partículas e é por isso que se vê uma cauda no cometa quando este se aproxima do Sol.
E este cometa vai passar bem perto da estrela que nos ilumina. Não tão perto que derreta e se desintegre completamente, mas perto o suficiente para formar uma longa cauda brilhante. A 6 de julho o cometa vai atingir o ponto mais próximo do Sol, cerca de 0,3 unidades astronómicas – menos de terço da distância da Terra ao Sol -, refere o site The Sky Live. São uns “meros” 47 milhões quilómetros no periélio (no ponto mais próximo), mas 342 mil milhões de quilómetros ou 2.286,8 unidades astronómicas quando estiver o mais afastado possível (afélio).
“O cometa C/2014 Q1 estará visível à vista desarmada a partir do dia 22 de junho pelas 4h30 e manter-se-á visível durante aproximadamente uma hora por dia”, informa o Observatório Astronómico da Faculdade de Ciência da Universidade de Lisboa. Isso acontecerá diariamente antes do início do crepúsculo civil matutino até ao início de agosto. Dica: olhe para o horizonte, a nordeste, para o sítio da constelação Cocheiro.
Também pela manhã, ou melhor, antes do amanhecer, haverá chuva de meteoros – Ariétidas, ζ Perseidas e as β Táuridas, que parecem sair das constelações Carneiro, Perseu e Touro, respetivamente. Mas com estas constelações aparentemente próximas do Sol a observação a olho nu será difícil.
As chuvas de meteoros devem os nomes às constelações de onde parecem sair. No caso das Ariétidas (de 22 de maio a 2 de julho) a constelação é Aries, que em português traduzimos por Carneiro. Juntamente com ζ Perseidas (de 20 de maio a 5 de julho), Ariétidas são das chuvas de meteoros diurnas mais intensas, mas ainda não foi possível determinar que astro lhes deu origem.
A origem das ζ Perseidas também não é clara, mas poderá estar relacionada com o cometa Encke, tal como as Táuridas (de 5 de junho a 18 de julho). As chuvas de meteoros resultam das poeiras e pedaços de rocha, arrastados na cauda do cometas ou provenientes de outros corpos celestes (como asteróides), que acabam por entrar na atmosfera terrestre.
Mais fácil de ver serão alguns dos planetas do sistema solar. Olhando a este pela manhã, a partir de meados de junho, é possível ver Mercúrio, não muito longe de onde se verá o cometa C/2014 Q1 Panstarrs. Já Vénus mantém-se como a “estrela da tarde” – tirando a Lua, é o primeiro astro a aparecer no céu depois do pôr do sol. Apresenta-se como um ponto muito brilhante a noroeste, que mais tarde ficará envolvido pela constelação Caranguejo.
Dos restantes planetas, Júpiter e Saturno serão visíveis a olho nu durante a noite e Úrano e Neptuno serão visíveis com telescópios pela manhã.
- Júpiter – direção oeste, constelação Leão
- Saturno – direção sudeste, constelação Balança
- Úrano – constelação Peixes
- Neptuno – constelação Aquário
Bem visível também estará a Lua, cheia já no dia 2 de junho. Cerca de uma semana depois, quando estiver em quarto minguante, a 10 de junho, estará no ponto mais perto da Terra (perigeu). Já o ponto mais afastado da Terra (apogeu) será a 23 de junho, próximo do quarto crescente.