O PS acusou esta segunda-feira o Governo de práticas de “clientelismo” nas nomeações para altos cargos públicos, atingindo mesmo áreas de soberania, e de lesar o Estado nas privatizações da EDP e REN, tendo exigido explicações do primeiro-ministro.
Estas posições foram assumidas pelo líder da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, Marcos Perestrello, numa conferência de imprensa em que acusou Pedro Passos Coelho de ser responsável “pela imoralidade” a que o país está a assistir “em termos de partidarização do Estado, clientelismo, favoritismo, falta de transparência e utilização da máquina do Estado em benefício do PSD e do CDS”.
“Há cinco meses houve uma manipulação de concursos para dirigentes da Segurança Social, que acabou com a totalidade dos lugares a serem preenchidos por militantes do CDS e do PSD. No último ano, a manipulação de nomeação de dirigentes na área da cultura, tutelada pelo primeiro-ministro, traduziu-se num escândalo público e condicionou gravemente a produção cultural”, referiu Marcos Perestrello.
O vice-presidente da bancada socialista afirmou depois que “nem as áreas de soberania foram poupadas às práticas clientelares do Governo”, com o processo de abertura e fecho das embaixadas “a deixar de ser ditado pelo interesse nacional, sendo agora feito ao abrigo dos interesses dos membros dos gabinetes do Governo e do próprio primeiro-ministro”.
“A abertura de embaixadas para colocação de chefes de gabinete de um Governo em debandada é um escândalo em qualquer parte do mundo e envergonha o país. O Estado tem de estar ao serviço de Portugal e não ao serviço do PSD e do CDS. O medo de perder eleições não justifica a transferência maciça de membros de gabinetes do Governo para empresas e organismos públicos”, disse.
Marcos Perestrello referiu-se ainda às suspeitas de altos quadros da administração pública terem recebido instruções para analisarem o programa eleitoral do PS e ao recente relatório do Tribunal de Contas sobre as privatizações da EDP e da REN.
“Segundo o relatório do Tribunal de Contas, estes processos traduziram-se em elevados prejuízos para o Estado e é imperativo que o Governo preste esclarecimentos sobre o seu papel na escolha de consultores. O Governo transformou o Estado na direção de campanha da coligação PSD/CDS, desistiu de governar e já só trata de se governar”, acusou o líder da FAUL do PS.