O prémio Nobel da economia norte-americano, Paul Krugman, que se destacou como um dos mais virulentos críticos das medidas de austeridades impostas a Atenas, reconheceu este domingo ter “talvez sobrestimado a competência” do Governo grego.
“Talvez tenha sobrestimado a competência do Governo grego”, indicou durante uma entrevista à cadeia televisa CNN.
“Nem calculei que pudessem tomar uma posição sem ter um plano de urgência”, caso não obtivessem a ajuda financeira que solicitavam, explicou.
“Acreditaram que podiam simplesmente exigir melhores condições sem ter um plano alternativo”, prosseguiu, ao referir-se a um “choque”.
“Em qualquer caso, há poucas esperanças”, considerou, “as novas condições são ainda piores, mas as condições que lhes propunham também não iriam funcionar”.
Interrogado sobre uma possível saída da zona euro, não excluiu essa possibilidade. “Ou conseguem obter uma espécie de redução massiva da dívida, que ainda não garantiram, ou vão ter de sair”.
No entanto, assegurou que as repercussões serão tão graves como as registadas durante a falência do banco de investimentos Lehman Brothers, que precipitou a crise financeira mundial.
No entanto, considerou que um eventual ‘Grexit’ teria “enormes implicações para o futuro do projeto europeu. Se a Grécia sair e começar a recuperar, o que provavelmente acontecerá, isso seria uma forma de encorajar outros movimentos políticos a contestar o euro”.
Apesar do ‘Não’ dos gregos ao referendo sobre a austeridade, e após o difícil acordo de Bruxelas anunciado na manhã de segunda-feira após 17 horas de reuniões dos chefes de Estado e governo do Eurogrupo, o parlamento grego aprovou na quarta-feira um conjunto de medidas de austeridade, que incluem o aumento do IVA. Novas reformas deverão ser discutidas no hemiciclo na quarta-feira.
Em troca os parceiros europeus prometeram um novo programa de resgate, o terceiro desde 2010.