O Benfica, o Sporting e o FC Porto vão jogar a 7ª jornada do campeonato nacional no dia 4 de outubro, dia das eleições legislativas. A Comissão Nacional de Eleições (CNE) desaconselha, mas não pode impedir a realização desses jogos. “A CNE não considera recomendável porque potencia o alheamento das pessoas e acrescentará os abstencionistas”, afirmou ao Observador o porta-voz da entidade, João Almeida, explicando que tem sido sempre esta a posição da CNE relativamente à realização de grandes eventos em dia de eleições.

A CNE reúne-se em plenário na terça-feira e deverá emitir depois uma posição sobre esta matéria, sobre a qual não foi consultada. Segundo João Almeida, a CNE não tem poderes para travar a Liga de Clubes e a única coisa que tem que fazer é garantir que esses eventos não afetem o acesso dos eleitores a assembleias de voto que se situem perto do aglomerado de pessoas.

Esta situação está gerar grande polémica, com os partidos a prometerem uma reação e havendo já pedidos de intervenção por parte do Presidente da República.

Ao Observador, Jorge Lacão, deputado do PS, mostrou-se “apreensivo” com a decisão da Liga de Clubes. O socialista espera, no entanto, que “as diligências que a CNE fará possam ter resultado junto da Liga” no sentido de “evitar” que os jogos dos três grandes afetem o normal desenrolar das eleições.

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A situação mais problemática é a do Benfica. A equipa terá uma deslocação às ilhas para defrontar o União da Madeira, num jogo que se encontra marcado para as 16h00. O Porto recebe, também no dia 4, o Belenenses, às 18h15, enquanto o Sporting defronta em Alvalade o Vitória de Guimarães, em jogo que terá início às 20h30.

A Liga Portuguesa de Futebol Profissional já justificou a decisão em comunicado. Segundo a Liga, a marcação dos jogos dos grandes para o dia das eleições foi “acordada pelos Clubes” e deve-se à participação destas equipas nas competições europeias, na semana anterior às eleições. A obrigatoriedade dos Clubes “cederem jogadores às respectivas Selecções Nacionais na manhã do dia 5 de Outubro” torna igualmente impossível a marcação dos jogos para uma data posterior, sugere o comunicado.

A FPF afirmava ainda ter alertado os Clubes envolvidos para “tomarem as devidas diligências, com relação aos cidadãos recenseados que integram as suas equipas, bem como todos os agentes que participam nos referidos jogos, poderem exercer o seu direito de voto, junto das respetivas Câmaras Municipais”, de forma antecipada.

O organismo que rege as competições profissionais de futebol em Portugal diz ainda ter comunicado à Comissão Nacional de Eleições (CNE) a “factualidade e a solicitar disponibilidade para apoiar as sociedades desportivas supra referidas, caso estas tenham alguma dificuldade junto de alguma das Câmaras Municipais na qual venha a ser requerido o exercício antecipado do direito de voto”.

O director de comunicação do Benfica, João Gabriel, corroborou a informação dada pela Liga, garantindo ao Observador que a marcação dos jogos dos três grandes para o dia das eleições legislativas se deveu “às competições europeias e à Selecção”.