103 anos após o naufrágio, o Titanic ainda tem histórias por contar. John Hume, o mais jovem membro da banda que tocou até ao último momento, teve um filho na Jamaica. O neto descobriu os documentos e correu atrás da família perdida.
Recuemos até ao início do século XX, às fotos a preto e branco e à comunicação feita essenciamente por carta. O violinista escocês de 21 anos morreu a 15 de abril de 1912 nas águas frias do Atlântico, juntamente com mais 1516 pessoas. Ia ser pai em breve, já que a sua companheira estava grávida.
O que não se sabia era que John Hume, conhecido como Jock, já era pai. A história é contada ao Daily Mail pelo neto do músico, o escritor Christopher Ward, filho do bebé que o violinista nunca chegou a conhecer. A curiosidade pelo passado do avô levou-o a procurar um colecionador de objetos do Titanic para ver o que descobria.
Entre os documentos, encontrou o nome da sua avó junto ao de outra mulher, Ethel McDonald. Ambas recebiam pensão pela morte do mesmo homem… John Law Hume. A mulher desconhecida era paga ao primeiro dia do mês no The Colonial Bank, em Kingston, na Jamaica. Sabia que o avô tinha estado na Jamaica e juntou dois mais dois.
“Isso significava que eu podia ter primos ainda vivos na Jamaica. De repente, nada era mais importante para mim do que localizá-los”, escreveu no jornal inglês. A aventura começava ali. Contactou um genealogista na Jamaica, contou-lhe que o avô tinha tocado durante três meses numa orquestra no Constant Spring Hotel. Uma semana depois, o genealogista enviou a Christopher Ward a certidão de nascimento de um bebé chamado Keith Neville McDonald, filho de Ethel McDonald. Tinha nascido no dia 2 de novembro de 1911, meio ano antes da morte de John Hume.
O escritor fez a mala e voou para a Jamaica. Sem saber bem o que fazer, decidiu deslocar-se até ao velho Constant Spring Hotel, agora transformado em colégio. Apesar da improbabilidade, foi ali que, depois de contar a sua história a algumas jovens. “Que coincidência tão estranha”, disse uma delas. “O meu nome também é Hume, Gabi Hume”
Estava encontrada a primeira parente desconhecida, que contou a Christopher Ward que a família falava muitas vezes do avô, violinista do Titanic. O pai da menina chamava-se Neville, mas morreu quando ela tinha oito anos. “E teu avô, como se chamava?”, perguntou. “Acho que era Keith. Sim, Keith Neville McDonald”.