O juiz desembargador Rui Rangel está em guerra aberta com colegas e jornalistas, afirmando que “há uma campanha” contra ele e que “os juizes são a classe menos confiável em Portugal”, avança a edição desta quinta-feira do jornal i. Sobre os jornalistas do Correio da Manhã e do Público, diz que têm “uma causa” e que, a seu tempo, “tudo será explicado”.

Em causa está a notícia do jornal Público que dá conta de que Rui Rangel plasmou excertos de uma decisão da Relação de Coimbra, em 2010, e de um texto científico de um professor da Universidade Católica de Lisboa noutra decisão do processo Operação Marquês, que envolve o ex-primeiro-ministro José Sócrates.

Rui Rangel afirmou ao i que não faz parte “do grupo de juízes cinzentões que acham que estão fechados numa redoma de vidro” e que “infelizmente não sabem ser membros de um poder soberano, agem com mentalidade de funcionários públicos”.

O i ouviu o diretor do Correio da Manhã, Octávio Ribeiro, e a jornalista do Público que assinou a peça em causa, Mariana Oliveira. O primeiro disse que seguiu a notícia do Público e que a “causa” desta talvez fosse “a causa das notícias”. Mariana Oliveira reiterou que é jornalista, faz o seu trabalho e que “noticia o que considera ser notícia”.

Nesse trabalho, intitulado “Último acórdão sobre Sócrates tem quatro páginas quase iguais a decisão de 2010”, escrevia-se que a decisão de Rui Rangel sobre o recurso do ex-primeiro-ministro não só tinha “mais de quatro páginas quase iguais a uma decisão da Relação de Coimbra, de Outubro de 2010, redigida por um outro juiz”, como tinha “cinco parágrafos (…) praticamente iguais aos existentes num texto científico de um professor universitário, José Lobo Moutinho, que dá aulas na Universidade Católica, em Lisboa, e é um dos sócios da sociedade de advogados Sérvulo e Associados”. Entre esses parágrafos estava a citação do padre António Vieira que constava também do acórdão e foi já muito glosada na comunicação social: “quem levanta muita caça e não segue nenhuma não é muito que se recolha com as mãos vazias”.

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