É das pessoas que mais se tem dedicado a estudar e promover a gastronomia nacional, seja através do seu site pessoal, das aulas que vai dando na Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal, da biblioteca gastronómica que doou à mesma associação ou da autoria de livros como Tratado do Petisco e das Grandes Maravilhas da Cozinha Nacional ou Doces da nossa Vida — Segredos e Maravilhas da Doçaria Tradicional Portuguesa.
Virgílio Nogueiro Gomes, gastrónomo de origem transmontana, acaba de lançar o Dicionário Prático da Cozinha Portuguesa, obra que é, precisamente, aquilo que o seu título dá a entender: uma compilação de entradas ordenadas alfabeticamente que vão dos simples produtos alimentares a nomes de receitas, acessórios ou outros termos culinários com origens variadas, tanto no tipo como na geografia.
De aba a zurrapa, a obra vai revelando utilidade e curiosidades a cada entrada. Sabia, por exemplo, que há diferenças entre bacalhau à lagareiro e à lagareira? E entre coscoréis e coscorões? Ou que os pontos de açúcar variam (alfabeticamente) entre a areia, cabelo, caramelo, espadana, estrada, fio, pasta, pérola, rebuçado ou de voar?
Se já sabia tudo isto deve fazer o teste que se segue e pôr à prova os seus conhecimentos na matéria. Não sabia? Não há problema, faça o teste na mesma: são 23 perguntas, uma por cada letra do alfabeto, formuladas com a ajuda do livro. Depois, mais abaixo, pode ler uma pequena entrevista com o autor.
Porque é que decidiu fazer este projeto?
Na verdade já o tinha começado a fazer antes de ser para publicar, porque seria impossível fazer isto em apenas um ano. Quando escrevi o Tratado do Petisco fiz um índice para não me enganar nas receitas. No livro dos doces [Doces da Nossa Vida] também os ordenei alfabeticamente. Isto era uma coisa que eu tinha vontade de fazer, sabe que muitos empregados de mesa têm falta de formação, não sabem explicar um prato, e os empresários da área não valorizam isso. Então achei que seria útil haver um livro que os explicasse de forma simples.
Quanto tempo é que demorou ao todo?
Ao todo demorei três anos, mas este último foi o mais desgastante, para garantir que terminava no período combinado com a editora. Sei que este é um trabalho que nunca está completo nem perfeito. Aliás, eu próprio já notei uma falha: [o doce algarvio] Dom Rodrigo está como Bolos Dom Rodrigo. Mas eu próprio faço na nota do autor uma ressalva que se alguém sentir falta de uma receita ou produto pode enviar-me um email com sugestões para uma próxima edição.
Imagino que a sua enorme biblioteca tenha sido uma preciosa ajuda.
Foi muito útil, é verdade, mas não me chegou a biblioteca. Consultei também muitos apontamentos que tenho de conversas com pessoas, de receitas que me foram dadas em diversas aldeias deste país. Muitas vezes surgiram dúvidas, não chegava ter só uma informação e era preciso confirmar, o que nem sempre foi fácil.