É a primeira vez que os investigadores mergulham neste assunto. Um grupo de hidrólogos do Canadá, Estados Unidos e da Alemanha realizaram o primeiro estudo aprofundado sobre as águas subterrâneas existentes no planeta. E concluíram que estamos a usar os recursos aquáticos demasiado rapidamente.
Quem o explica ao El País é Tom Gleeson, o investigador da Universidade de Victoria (Canadá) que liderou o estudo. Segundo este hidrólogo, se olharmos para as reservas de água existentes nos primeiros dois quilómetros de superfície terrestre, menos de 6% da sua totalidade consegue renovar-se no tempo médio de vida de um humano. E em muitos destes aquíferos, o nível de água continua a diminuir.
O estudo, publicado na Nature Geoscience, obrigou à análise de um milhão de bacias hidrográficas e 40 mil modelos de águas subterrâneas. A partir dele descobriu-se ainda que existem 23 milhões de quilómetros cúbicos de água subterrânea, mas apenas 0,35 quilómetros cúbicos dessa água consegue renovar-se em menos de 50 anos. Isto equivale a uma percentagem muito pequena da água que existe debaixo dos nossos pés (0,0000015%).
A idade da água é um dado importante para sustentar a utilização que o Homem faz das águas subterrâneas. A água mais antiga costuma sair do ciclo da água porque está em zonas mais profundas, além de que pode conter elementos (urânio e arsénico, por exemplo) que a tornam não renovável. A água mais recente, por outro lado, ainda pode estar em circulação. No entanto, está mais suscetível à contaminação pelo Homem e às consequências das alterações climáticas.
Agora, os investigadores querem analisar o ritmo a que o Homem consome a água mais antiga e a mais recente. Esta última, avisam os investigadores, “são um recurso finito que temos de gerir melhor”.