O ex-primeiro-ministro José Sócrates afirmou esta sexta-feira à TVI que foi “detido abusivamente” e que as autoridades “usaram toda a selvajaria que puderam” contra si, no processo da Operação Marquês que conduziu à sua detenção. E disse estar preparado para “reduzir a pó qualquer acusação” que lhe possam fazer.

Sócrates acusou ainda as autoridades de nunca terem tido provas que justificassem a sua detenção, ao contrário do que foi sugerido na altura em que foi detido, faz amanhã, sábado 21, um ano: “Na altura explicaram ao país (…) que tinham todas as provas: provas contundentes, definitivas. Passada um ano, não as apresentaram. E não as apresentaram porque não as têm e nunca as tiveram”.

Para Sócrates, “tem de ser explicado ao país” o porquê da acusação não ter sido ainda apresentada.

A razão, segundo o ex-primeiro-ministro, que reclama inocência, é que “é impossível provar o que nunca aconteceu”. As autoridades, acusou, “têm muitas opiniões, mas não têm nem factos nem provas”. “Isto foi uma violência injustificada”, acusou, referindo-se ao facto de ter sido detido após se ter mostrado “pronto para fazer um depoimento”. “E as violências injustificadas do lado do Estado são ilegais”, acusou.

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José Sócrates foi detido a 21 de novembro de 2014, no aeroporto de Lisboa, indiciado pelos crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção passiva para ato ilícito, tendo ficado preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Évora até 4 de setembro deste ano, passando para prisão domiciliária com vigilância policial. A 16 de outubro passou a ter apenas Termo de Identidade e Residência, mas continua proibido de sair do país e de contactar com os restantes arguidos da Operação Marquês.

Nessa altura, o Ministério Público justificou a decisão com o facto de estarem “consolidados os indícios recolhidos nos autos, bem como a integração jurídica dos factos imputados”, o que “diminuiu a suscetibilidade de perturbação da recolha e da conservação da prova”.

A investigação a José Sócrates não deve ser concluída tão cedo. Procurador Rosário Teixeira pediu ao DCIAP mais tempo para investigar, face ao muito que ainda está por analisar. Ainda faltam ouvir 20 testemunhas, ler mil documentos e analisar 5.540.127 ficheiros informáticos.