O papa Francisco defendeu que “não devemos assustar-nos” por um papa ter amizade com uma mulher, comentando a relação, revelada esta semana, de João Paulo II com uma filósofa polaco-norte-americana.

“Eu tinha conhecimento dessa relação de amizade do papa São João Paulo II e desta filósofa quando estava em Buenos Aires. Era uma coisa que se sabia inclusive nos seus livros. João Paulo II era um homem inquieto”, explicou Francisco aos 76 jornalistas que com ele viajavam no avião papal no regresso a Roma depois de uma visita ao México.

O papa argentino acrescentou que “um homem que não sabe ter uma boa relação de amizade com uma mulher — e não falo dos misóginos, que são doentes — é um homem a quem falta alguma coisa”.

Quando precisa do conselho de um colaborador ou amigo, o papa disse que também gosta de ouvir o parecer de uma mulher.

“Porque nos dão tanta riqueza e porque valorizo que vejam as coisas de outro modo”, argumentou.

“Uma amizade com uma mulher não é pecado. Uma relação amorosa com uma mulher que não seja a nossa mulher é pecado, mas o papa é um homem que tem necessidade de conhecer o pensamento das mulheres”, insistiu, sobre a amizade entre João Paulo II e Anna-Teresa Tymieniecka.

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Francisco reiterou que um papa “tem um coração” e “pode ter uma amizade sã com uma mulher”.

“Não devemos assustar-nos, mas as mulheres ainda não são bem vistas na Igreja. Não entendemos o bem que uma mulher pode fazer à vida do sacerdote e da Igreja, num sentido de conselho de ajuda, de sã amizade”, sustentou.

Um documentário transmitido esta semana pela televisão pública britânica BBC revelou a intensa amizade que o falecido João Paulo II manteve com Anna-Teresa Tymieniecka, que era casada, por meio de um conjunto de cartas e fotografias arquivadas fora do domínio público na Biblioteca Nacional da Polónia.