O Santander tentou devolver o Banif Bahamas ao Estado, segundo avança a edição deste sábado do Expresso. Na origem desta iniciativa do banco espanhol estará uma realidade distinta daquela que foi reportada pelas autoridades portuguesas quando negociaram a venda do Banif. O Expresso refere mesmo que existem suspeitas de que estas contas foram utilizadas para movimentos irregulares, designadamente de branqueamento de capitais, situação que estará a preocupar as autoridades americanas.

Em causa estão contas que foram identificadas como pertencendo a emigrantes, de acordo com a informação reportada pelo Banco de Portugal ao Ministério das Finanças, e que por isso foram salvaguardadas pela medida de resolução, tendo ficado totalmente garantidas, não obstante terem feito parte dos ativos comprados pelo Santander Totta.

Em resposta ao Expresso, o Ministério das Finanças confirma ter sido contactado, informalmente pelo banco controlado por capitais espanhóis, mas remete responsabilidades para o Banco de Portugal sobre a identificação e caracterização das referidas contas.

O comprador escolheu os ativos do Banif que quis comprar nesse fim de semana, mas a avaliação da sua qualidade foi feita sob pressão do tempo. E as contas que foram descritas como depósitos incluía também créditos, alguns dos quais sem garantias reconhecidas no balanço.

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Segundo as Finanças, o Santander deu conhecimento de que “a realidade encontrada no Banif Internacional, sedeado nas Bahamas, era diversa da dada a conhecer pelo Banco de Portugal, quer ao governo, quer ao Banco Santander no momento da venda”.

Contactado pelo Observador, fonte oficial do Santander Totta confirma que houve conversas a nível técnico com as Finanças sobre os ativos das Bahamas. A questão da devolução ao Estado terá sido uma possibilidade abordada, mas chegou-se à conclusão de que não seria a melhor solução. O Santander confirma que o Banif Internacional será liquidado, como estava previsto no acordo de resolução, e garante que os depósitos estão todos salvaguardados.

O Ministério das Finanças diz que está a desenvolver os procedimentos adequados para clarificar as dúvidas que venham a surgir. O Santander, segundo informação confirmada pelo Observador, irá tentar recuperar os créditos associados às contas nas Bahamas, mas terá de assumir perdas com o que não conseguir reaver, o que poderá representar um valor importantes. Estas eventuais perdas não estão cobertas pela garantia dada pelo Estado no quadro do acordo de venda do Banif.

No comunicado divulgado a 16 de janeiro em que desmente notícias sobre as poupanças que teria obtido na resolução do Banif se tivesse envolvidas as obrigações seniores, o Ministério das Finanças refere que a participação desta dívida “implicaria o bail-in adicional de cerca de 200 milhões de euros de depósitos de emigrantes considerados como subordinados”. Alguns detes depósitos estaram nas Bahamas.

Segundo relata o Expresso, entre os movimentos suspeitos reportados às autoridades competentes, não se sabe se foram entidades portuguesas ou apenas americanas, estarão créditos concedidos a entidades relacionadas com os acionistas privados do Banif, para além de garantias fora do balanço. Até agora, não se conhece nenhum inquérito aberto pelo Ministério Público a suspeitas de práticas de natureza criminal associadas ao Banif.