Um grupo de investigadores afirma ter descoberto o gene que faz com que as pessoas tenham cabelos brancos. A investigação incidiu sobre um grupo de 6.000 sul-americanos. Este foi o grupo selecionado porque os habitantes da América Latina apresentam uma grande diversidade nas suas origens. Entre as ascendências dos sul-americanos, contam-se europeus de “cabelo claro ou encaracolado, nativos-americanos e afro-americanos com o seu cabelo negro e liso ou crespo”, assinala Kaustubh Adhikari, líder do projeto.

Adhikari explicou à CNN que a descoberta confirma a suspeita generalizada de que o cabelo branco é hereditário. O estudo foi publicado esta terça-feira na publicação científica online, Nature Communications.

O gene que se crê alterar a cor do cabelo é o IRF4. O gene agita o pigmento de melanina do folículo piloso, fazendo com que este vá perdendo a cor. À medida que os folículos vão perdendo os pigmentos de melanina, o cabelo vai ganhando um tom mais branco. O artigo demonstra que o processo acontece em ritmos diferentes, variando de pessoa para pessoa.

Os cientistas demonstraram que o processo de o cabelo se tornar branco devido ao gene IRF4 se restringe apenas àqueles de descendência europeia. Os europeus têm, por norma, tendência para ficar com o cabelo branco mais cedo do que pessoas com outras ascendências.

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A descoberta pode ajudar “os investigadores a encontrar mais pistas sobre o que necessitam de investigar para desenvolver um medicamento que possa prevenir ou atrasar a perda de cor do cabelo”, afirma Adhikari. Caso outros estudos confirmem esta relação entre o gene e o cabelo branco, os investigadores podem começar a procurar proteínas e enzimas em falta no organismo de pessoas que começam a ter cabelos brancos. No entanto, o líder do projeto ressalva que essas medidas se encontram ainda muito longe.

O líder do projeto referiu, também, que a mutação no gene IRF4 pode ter sido iniciada há dezenas de milhares de anos, como forma de seleção sexual. Citado pela CNN, Adhikari afirma que “o cabelo louro, também ligado ao gene IRF4, era favorecido na população porque se destacava dos tons escuros, mais comuns.”

O estudo encontrou também dados que indicam que o processo de o cabelo ganhar um tom esbranquiçado não depende apenas da genética, mas também de fatores ambientais, que representaram, alegadamente, a maior causa em 70% dos casos de embranquecimento na América Latina, segundo Ahikari.

Vivian Diller, psicóloga, faz a ligação entre o aparecimento dos primeiros cabelos brancos e “o confronto com a própria mortalidade”. Para a psicóloga, a descoberta da origem genética dos cabelos brancos pode ajudar as pessoas a “sentirem-se mais conformadas com o branqueamento capilar, aceitando que ter cabelos brancos não equivale a envelhecer ou morrer”.