Não é exagero falar de uma espiral de loucura. Cenouras, pepinos, curgetes, batatas, cebolas, maçãs, abóboras, beterrabas, peras, rabanetes, papaias, até lulas — sejam legumes, frutas ou cefalópodes, nenhum resiste ao pequeno eletrodoméstico que está a revolucionar a cozinha e que transforma o mais rijo ou escorregadio dos alimentos em fios e rodelas iguais a esparguete.
Há quem chame ao que sai de um espiralizador “zoodles” ou “falsos noodles” e essa é, de facto, a melhor forma de resumir a tendência: parece massa, serve de acompanhamento, como a massa, mas não é massa.
Tudo acontece graças a um conjunto de lâminas que cortam os alimentos em espirais mais ou menos finas, do esparguete ao fettuccine, e com a ajuda de uma manivela semelhante à que se usava antigamente para picar carne. A maioria dos espiralizadores que se encontra à venda em lojas especializadas — um bom exemplo é a César Castro, onde há opções a partir dos 22,50€ — vem com três lâminas incluídas e com essas já se conseguem ver mais espirais do que num teste de ilusão de ótica.
Na verdade a técnica de espiralizar não é nova e tem sido usada pela cozinha japonesa há muito tempo, basta pensar na decoração que acompanha certos pratos de sushi (descontando as flores feitas com gengibre). No entanto, não sendo novidade, pode-se falar de uma “espiralização” da cozinha ocidental graças à maior preocupação com a alimentação saudável, visível não só na tentativa de cortar na carne e no glúten mas também nos mais recentes livros de celebridades como o chef Jamie Oliver.
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Porque para além de criar pratos bonitos e coloridos, o espiralizador permite cortar nos hidratos de carbono e nas calorias ao mesmo tempo que potencia o consumo de frutas e legumes, comidos ao natural ou cozinhados no wok. Isso mesmo é evidente no novo livro que acaba de chegar ao mercado, Espiralize já!, e que reúne 80 receitas saudáveis para dar várias voltas ao garfo, das entradas às sobremesas.
Pensada para quem tem um espiralizador de três lâminas na bancada da cozinha, a obra de Denise Smart faz de legumes como as cenouras, a abóbora, o aipo ou a batata-doce os grandes protagonistas dos seus pratos, mesmo que os olhos não acreditem à primeira. Na receita cuja imagem abre este artigo, por exemplo, a massa do pad-thai de camarão é substituída por rabanete daikon espiralizado, enquanto o esparguete que faz as honras da capa é na verdade feito de curgete e acompanhado com caranguejo, malagueta e limão.
Depois das máquinas para fazer sumos detox e das caixinhas para guardar sementes, frutos secos e granola, a cozinha saudável anda a ver tudo à roda, e a balança agradece.