Nuno Morais Sarmento, ex-ministro de Estado e da Presidência, candidato à presidência do PSD? Não. No entanto, como militante do PSD, não abdica de nenhum dos seus direitos, pelo que nada o impede de se candidatar à presidência do PSD, disse numa entrevista à Antena 1. Mas hoje, como há um ano, está mais interessado na sua vida pessoal e profissional. Sendo que a “liderança do PSD não está em causa neste Congresso”.
Nesta entrevista, realizada a uma semana do início do Congresso do PSD, em Espinho, Morais Sarmento — que ainda não sabe se irá à reunião máxima dos sociais-democratas — lembra que “sempre fez um percurso muito solitário” e nunca se prendeu a nenhum dos “ismos” do seu partido.
Apesar de, ao longo dos últimos quatro anos, ter feito muitas críticas à governação da coligação PSD/CDS, considerou que, “com este seu mandato como primeiro-ministro, Passos Coelho ficou no pequeno grupo de portugueses de quem penso que nós, como portugueses, ficámos credores por aquilo que fez“. É um grupo onde também inclui Mário Soares e Cavaco Silva, independentemente do que se ter estado ou não de acordo com eles. Isto porque “assumiu o governo no momento mais angustiante para o país que vivemos, e esse peso cai todo sobre os ombros do primeiro-ministro”.
Antigo ministro do governo de Durão Barroso e Santana Lopes, considera que Passos Coelho é o único candidato “que faz sentido que o PSD apresente” em caso de eleições antecipadas, já que foi o candidato que foi mais votado nas eleições de outubro. “Ganhou as eleições”, sublinhou por mais de uma vez. Por isso “Passos é o líder ideal agora, daqui por um ano não sei”.
Daí que considere que apenas com “enorme dificuldade é que [Passos Coelho] poderá ser candidato a primeiro-ministro daqui a três anos”. Não considerou contudo que Passos Coelho fosse um líder de “curta duração”. É sim o homem certo neste momento, porque foi o “protagonista desta realidade”. No futuro, num quadro de uma legislatura longa do PS, o PSD terá de, na sua opinião, apresentar outras propostas, necessariamente diferentes.
Dizendo conhecer muito bem Pedro Passos Coelho, considera que este não lida com a palavra “sonho” e que tem enorme dificuldade em acreditar para lá do que vê. Alguém assim pode não ser a pessoa ideal para liderar um ciclo político depois de vários anos de Costa no poder, acrescenta. Para além de que “tem muito pouco jogo de cintura”, contrapondo a sua forma de liderar com a de Marcelo, “que em 15 dias transpira política por todo o lado”.
Morais Sarmento considera nomeadamente que a política está a viver um período de mudança, em que as pessoas vão precisar menos da mediação dos partidos para chegar diretamente às pessoas. “Só Marcelo percebeu esta mudança e faz política com as regras do passado e com as regras do futuro“, especificou.
Quanto à nova liderança do CDS, Morais Sarmento entende que “Cristas é uma espécie de tranquilizante entre duas lideranças politicas: Portas e Nuno Melo. Nuno Melo é um líder claro, Cristas é uma coisa simpática, in between”. Ou seja, uma líder de passagem.
Sobre a intervenção de António Costa na banca o antigo ministro considera “que Costa não está a cometer nenhuma ilegalidade quando entende que está a defender o interesse nacional e, neste momento, tem a cobertura do Presidente”. Sarmento considera no entanto que a intervenção dos governos na economia, sobretudo dos socialistas, “é a causa do nossa miséria atual”.
O Congresso do PSD decorre entre os dias 1 e 3 de Abril, em Espinho.