As pessoas adoram fórmulas. E se pudessem criavam um monte delas para resolver todas aquelas questões difíceis da vida: qual é o segredo para a vida eterna? Qual é o truque mágico para que o amor nunca falhe? Como é que fazemos para que todos gostem de nós, sem muito trabalho nem demasiado alarido? Nem sempre podemos ter respostas garantidas, mas há quem esteja disposto a ajudar-nos. Robin Dreeke, um especialista do FBI no Programa de Análise Comportamental, passou os últimos 27 anos a perceber que há alguns padrões que nos podem guiar. E descreveu-os no livro “It’s Not All About “Me”: The Top Ten Techniques for Building Quick Rapport with Anyone” (algo como “Não é tudo sobre mim: As dez melhores maneiras de construir uma boa relação com alguém”), conta o Motto.

O maior conselho que Robin Dreeke quer que mantenhamos em mente é o seguinte: tente compreender as opiniões e pensamentos alheios sem nunca os julgar. Isto não significa desistir dos seus próprios princípios, mas apenas estar ciente de que ninguém aprecia muito estar a ser julgado, muito menos por alguém que mal conhece. Se seguir este conselho, garante ele, o mundo do seu “novo amigo” vai estar mais acessível. E se esse mundo for muito estranho? Nesse caso, não se sinta obrigado a concordar com os parâmetros dos outros. Diga algo como: “Nunca tinha ouvido este assunto dessa perspetiva. Explique-me o seu ponto de vista”.

Há outras técnicas, escreve o especialista do FBI em relações interpessoais. Toda a gente gosta de falar de si próprio. Pois bem, tente não ser sempre o centro das atenções da conversa: deixe que os gostos, interesses e sonhos dos outros estejam na ribalta. Robin Dreeke aconselha este aspeto com base num estudo que afirma que falar de nós próprios tem o mesmo efeito no cérebro do que falar de comida e de dinheiro. O segredo está em manter o ego calado por uns tempos, deixar os seus desejos de lado enquanto tenta conquistar alguém e manter sossegada essa tendência para contradizer os outros.

Este último tópico também é importante. “O que acontece ao cérebro humano quando vê informação que contradiz a sua visão global? As partes do cérebro que gerem a razão e a lógica entram em dormência. E as partes do cérebro que tratam dos ataques hostis ativam-se”, explica Robin. Para evitar estas situações o melhor é garantir que o outro o perceciona como um bom ouvinte. Para isso, pense apenas no presente: em vez de preparar logo o que vai dizer a seguir, concentre-se no que o outro está a dizer agora. Seja curioso, faça perguntas, vá na onda da conversa e siga estas quatro regras:

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  1. Não interrompa, não avalie nem entre em desacordo.
  2. De vez em quando, acene a cabeça e faça pequenos comentários como “sim, sim” ou “hm-hm”.
  3. Faça pequenas repetições do que essa pessoa acabou de dizer. Mas não se torne estranho. Tudo com peso e medida.
  4. Faça perguntas, mostre-se interessado.

E quando não há mais conversa? Não desista já, aconselha Robin Dreeke. Algumas boas perguntas para fazer quando parece não haver mais nada para dizer são: “Quais foram os maiores desafios que teve no trabalho esta semana? Como é viver nesta cidade? Quão difícil é educar filhos adolescentes nos tempos de hoje?” Desafios, a palavra-chave é essa.

Lembre-se também que as palavras não bastam: os gestos são essenciais. Sorria, não levante demais o queixo, não esteja completamente de frente para a outra pessoa (para que não pareça que a está a enfrentar), mantenha uma posição confortável, mas não demasiado relaxada. E não veja nada disto como uma forma de manipular alguém: são estratégias legítimas que servem apenas para deixar ambas as partes mais descontraídas.