O Bloco de Esquerda (BE) rejeitou a ideia de numa República existirem “ministros ou consultores sombra”, e declarou querer conhecer o mandato e responsabilidades de Diogo Lacerda Machado em negócios envolvendo o Estado.
A “forma” como Lacerda Machado “esteve a responder e a dar a voz à posição do Estado nos diversos negócios por onde passou” nos últimos tempos foi hoje sinalizada por Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco, em declarações aos jornalistas.
“Não pode existir numa República, numa democracia, a ideia de que há espaços-sombra onde as relações contratuais não são esclarecidas”, sublinhou, acrescentando que na audição do responsável na comissão parlamentar de Economia, no fim do mês, será importante para conhecer “todos os contornos do mandato” de Diogo Lacerda Machado em negócios como a reversão da privatização da TAP.
“A democracia tem um imperativo de transparência. Tem de haver toda a transparência nesta matéria”, prosseguiu Pedro Filipe Soares, para quem não pode haver uma “delegação de competências de membros do Governo em pessoas que não eleitas” para determinados “contextos”, mais a mais em “matéria essenciais” ligadas ao Estado.
O Bloco, lembrou o seu líder parlamentar, apresentou recentemente textos parlamentares com vista ao reforço da transparência da vida política, no qual se prevê, por exemplo, a criação de uma Entidade de Transparência dos Titulares de Cargos Políticos e Altos Cargos Públicos.
O PSD, pelo deputado Luís Leite Ramos, anunciou na segunda-feira que ia requerer o acesso ao contrato que o primeiro-ministro “assinou a contragosto” com Diogo Lacerda Machado para saber qual o papel que o “amigo pessoal” de António Costa tem representado em “negócios do Estado”.
Na entrevista dada no fim de semana à TSF e ao Diário de Notícias, António Costa assumiu que Diogo Lacerda Machado o representou informalmente em várias negociações sensíveis que estão em curso, como na TAP, no caso dos lesados do papel comercial do Grupo Espírito Santo e também no BPI, nas reuniões entre Isabel dos Santos e o catalão Caixabank.