O que é a corrupção? A primeira resposta à pergunta cai sempre na classe política e no mundo do futebol. Mas, depois de os professores lhes explicarem que num simples favor do dia-a-dia pode estar um ato de corrupção, a perspetiva dos alunos muda. E é precisamente esse o objetivo do Conselho de Prevenção da Corrupção (CPC) que, numa parceria com o Ministério da Educação, todos os anos promove o concurso “Imagens Contra a Corrupção”. Os alunos vencedores recebem esta quarta-feira o prémio numa cerimónia no auditório do Tribunal de Contas, em Lisboa.

O concurso “Imagens Contra a Corrupção” tem uma componente de vídeo, para alunos do 2.º e 3.º ciclos e secundário, e uma componente de Artes Plásticas destinadas aos alunos do 4.º anos do 1.º ciclo. Este é o quarto ano consecutivo que os alunos do Externato Infante D. Henrique, em Braga, concorrem através de trabalhos desenvolvidos no âmbito da disciplina de Religião e Moral, na unidade de Ética e Economia. “A disciplina que muitos governantes deviam frequentar”, diz o professor responsável, Filipe da Cruz Pereira, ao Observador.

“A primeira impressão que os alunos têm, por causa da comunicação social e do que ouvem em casa, é sempre ligada à política e ao futebol. Tentamos desconstruir isso, fazendo ver que a corrupção está na ação diária, num pequeno favor”, conta Filipe da Cruz Pereira ao Observador.

Depois de um debate e uma reflexão sobre o tema, com material disponibilizado pelo próprio CPC, os alunos atiram ideias até chegar ao projeto final. “Tivemos ideias fabulosas, o pior é fazer isso em minuto e meio. Acabámos por apresentar a concurso o plano B”. Um plano B a que chamaram “Opção pelos Valores” e que lhes valeu o prémio de vídeo do 3.º ciclo. No final, “os alunos adquiriram competências e conhecimento. Daqui a dez, quinze anos estão à frente das instituições e serão pessoas melhores”, diz o professor.

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Os 26 alunos, entre os 14 e os 15 anos, vão ser premiados com uma atividade no Visionarium, em Santa Maria da Feira. Mas viajar até Lisboa para a cerimónia “é para eles o verdadeiro prémio”. “Isso e eu pagar-lhes uma nata”, diz o professor.

Os alunos do 11.º ano do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Escola Secundária de Caldas das Taipas também terão que se deslocar a Lisboa para receber um prémio pelo vídeo “Sê cidadão e bate o pé à corrupção”. Um vídeo que, segundo a professora responsável, envolveu mais de 112 alunos – uma vez que contou com a participação de alunos de outras turmas.

“Os alunos tinham algumas ideias iniciais. Queriam falar em casos específicos, mas tentamos que eles pegassem na corrupção em geral. Já participamos há três anos e todas as vezes que participámos tivemos uma menção honrosa”, conta a professora Dalila Durães.

Desta vez os alunos fizeram o vídeo vencedor do Concurso Nacional de Vídeo para o ensino secundário. E, como prémio, vão ter um fim de semana numa unidade hoteleira do INATEL.

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No Concurso Nacional de Artes Plásticas, este ano um dos trabalhos premiados foi feito por 25 alunos, entre os 8 e os 12 anos, da Escola Básica Casal do Cotão, em Sintra. Por se tratar de “uma turma complicada”, com alunos que estão a repetir o ano, a experiência foi ainda mais enriquecedora, como explicou ao Observador a professora Isabel Gonçalves.

“Foi uma experiência muito positiva, trabalhamos alguns valores como a solidariedade, a liberdade e o respeito e foi interessante o feedback, fizeram vários cartazes em pequenos grupos e depois é que fizemos o trabalho final”, diz.

Trabalho sobre a Corrupção da Escola Básica Casal do Cotão

Trabalho vencedor no Concurso de Artes Plásticas, feito por alunos da Escola Básica Casal do Cotão

A ideia surgiu da professora Susana Baião, responsável pela biblioteca, que fez uma apresentação do tema com recurso a algum material cedido no próprio site do Tribunal de Contas. E com um vídeo que considera muito educativo e se chama “Fábula da Corrupção“. “Os alunos perceberam logo do que estávamos a falar”, disse ao Observador.