Manuel Brito, ex-vereador do Desporto de António Costa na Câmara Municipal de Lisboa, não poupa críticas à atuação de Tiago Brandão Rodrigues na condução da pasta da Educação. Num texto publicado na sua página do Facebook, denuncia aquilo que diz serem as “asneiras” contínuas deste Ministério e o “menosprezo significativo pela Educação Física, pelo Desporto Escolar e pelo papel fundamental que estas áreas podem desempenhar num saudável crescimento e desenvolvimento das crianças e jovens”.

Em causa está um texto inicialmente publicado pelo portal do Ministério da Educação, onde se anuncia o protocolo assinado entre o ministro Tiago Brandão Rodrigues e o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, para aproximar o desporto escolar do desporto federado. Ora, o ex-vereador de Costa para os pelouros da Proteção Civil, Educação e Desporto começa por fazer notar algumas imprecisões e erros no texto disponibilizado pelo Ministério de Brandão Rodrigues.

“Ficamos a saber que o protocolo foi assinado na ‘Cidade do Futebol, em Oeiras, Sintra (…) e também somos informados que ‘com este acordo haverão também condições especiais para as escolas'”, escreve, com ironia, Manuel Brito, lembrando que Oeiras e Sintra são dois concelhos distintos e que a conjugação verbal “haverão” não existe.

Na página de Facebook de Manuel Brito, as reações ao texto do portal do Ministério da Educação vão-se sucedendo, confirmado o teor e as imprecisões do comunicado. Entretanto, no texto disponibilizado pelo gabinete de Brandão Rodrigues já não existe qualquer referência ao concelho de Sintra e o termo “haverão” também desapareceu.

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Mas as críticas de Manuel Brito não se ficam por aqui. “[No texto] refere-se ‘o desporto escolar base (…) como sendo ‘o mais indicado para detetar novos talentos olímpicos'”. Ora, para o ex-vereador da Câmara de Lisboa esta ideia é “um completo disparate para todos os que têm um conhecimento mínimo dos fins, objetivos e estratégias mais adequadas para o Desporto Escolar e para a formação e orientação de jovens talentos desportivos”.

Noutra passagem do texto disponibilizado pelo Ministério da Educação pode ler-se que, com este protocolo, “é ainda valorizada a Educação Física como área estruturante do ensino”. O ex-vereador de Costa não deixa de notar que esta intenção vem de uma “equipa ministerial que ainda não revogou decisões negativas do governo anterior como, por exemplo, a redução da carga horária no 3.º ciclo e no secundário – o que se traduz em cerca de um mês a menos de aulas de Educação Física – ou o facto de a avaliação desta disciplina não contar para a média de entrada no Ensino Superior, com exceção dos cursos de Educação Física e Desporto”.

Em suma, trata-se de um comunicado, pensado e escrito com os pés, em termos de forma e de conteúdo, o que traduz um menosprezo significativo pela Educação Física e pelo Desporto Escolar e pelo papel fundamental que estas áreas podem desempenhar num saudável crescimento e desenvolvimento das crianças e jovens”, conclui o ex-vereador de Costa.

Manuel Brito termina a sua denúncia com uma pergunta: “Mas não haverá no ME alguém com sensibilidade e conhecimento para tratar destes assuntos?”.

Nota explicativa: o Ministério da Educação fez chegar ao Observador o comunicado original sobre o protocolo assinado entre Governo e Federação Portuguesa de Futebol. No documento não existe comprovadamente “qualquer erro ortográfico ou de natureza geográfica”, como reitera o gabinete de Tiago Brandão Rodrigues. No entanto, e dado que as imprecisões detetadas e denunciadas por Manuel Brito eram de facto verdadeiras, conclui-se pois que existiram falhas na adaptação do comunicado original ao texto entretanto publicado no site do Ministério da Educação.

* Artigo atualizado às 23h52 com a nota do Ministério da Educação