A nutrição está cheia de mitos e um dos mais consistentes é o de que o pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia. Boas notícias para quem não aprecia comer imediatamente depois de acordar: não tem que o fazer.

Os estudos feitos dizem que quem não toma o pequeno-almoço tem mais dificuldades em perder peso, maior risco de problemas cardíacos e colesterol mais alto. Mas a verdade é que os estudos feitos são, muitas vezes, tendenciosos ou mal interpretados, ou pelo menos assim diz o New York Times.

São muitos os estudos que relacionam a falta de pequeno-almoço com a obesidade, mas grande parte deles tem erros factuais e acabam todos por se citar uns aos outros, como forma de sustentar os argumentos. Os ensaios aleatórios controlados sobre este tema têm lacunas metodológicas e os seus resultados não sustentam a teoria de que saltar o pequeno-almoço faz mal, afirma o mesmo artigo.

Um estudo feito em 1992 pôs um grupo a saltar o almoço, enquanto outro grupo não tomava o pequeno-almoço. Os resultados mostraram que em ambos os grupos as pessoas perdiam peso. O mesmo estudo feito em 2014 chegou à conclusão que não havia variações no peso dos participantes no estudo.

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Grande parte das investigações tem interesses financeiros que enviesam os seus resultados, recorda o New York Times. Um estudo financiado pela Kellogg’s prova que comer cereais ao pequeno-almoço está ligado com o emagrecimento. Já um ensaio pago pela Quaker Oats Center of Excellence prova que comer aveia ou flocos de milho cristalizados reduzem o peso e o colesterol quando são consumidos durante quatro semanas e combinado com uma alimentação cuidada, afirma o autor do artigo, Aaron E. Carroll.

Quanto aos estudos que relacionam o pequeno-almoço com um melhor desempenho escolar nas crianças, parecem ignorar um fator muito importante: muitas das crianças que não tomam pequeno-almoço não comem o suficiente ao longo do dia. Assim, as dificuldades cognitivas estão ligadas à malnutrição e não necessariamente à falta de pequeno-almoço.

Como quase toda a informação acerca de nutrição, os dados acerca do impacto do pequeno-almoço são inconclusivos, enviesados ou até mesmo contraditórios. Por isso, quem quer tomar o pequeno-almoço deve fazê-lo, quem não quer, não o faça, aconselha Aaron E. Carroll.