A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou nesta sexta-feira a Cabo Verde a adoção de um plano de comunicação sobre a epidemia de vírus zika dirigido especialmente às mulheres grávidas ou que pretendem engravidar. A recomendação foi feita pelo representante da OMS em Cabo Verde, Mariano Castellón, à saída de uma audiência com o presidente da Assembleia Nacional cabo-verdiana, Jorge Santos.

“Chamei à atenção sobre a necessidade de colocar em prática um plano estratégico de comunicação claro sobre os riscos da epidemia do zika em Cabo Verde, mas também em relação à febre-amarela, dengue e chikungunya uma vez que o vetor é o mesmo”, disse Mariano Castellón, citado pela agência cabo-verdiana de notícias Inforpress.

O responsável da OMS adiantou que o referido plano deve ser direcionado à população em geral, mas especialmente às mulheres grávidas ou que pretendem engravidar proximamente.

Mariano Salazar Castellón defendeu ainda que é preciso avaliar a dinâmica da epidemia do zika por fases, considerando que o facto de atualmente Cabo Verde se encontrar na época seca representa uma “janela de oportunidade” para preparar o país para a época das chuvas. Segundo o representante da OMS, o Instituto Pasteur de Dakar identificou no arquipélago mosquitos capazes de transmitir a doença e torná-la numa grande ameaça a nível nacional.

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“Essas larvas ou os mosquitos bebés representam um perigo muito grande”, considerou o responsável, frisando que, com o aproximar das chuvas, há uma forte possibilidade de ressurgimento de infeções por zika, dengue e febre-amarela.

A OMS recomendou ainda investimentos que visem melhorar a cobertura e acesso à água e ao saneamento básico, defendendo a inscrição no Orçamento do Estado de uma verba para as áreas da entomologia e da biologia, que considerou cruciais para o combate ao zika e de outras doenças epidemiológicas. De acordo com os dados mais recentes facultados pelas autoridades de saúde, Cabo Verde regista três casos de crianças que nasceram com microcefalia e as autoridades estão a acompanhar 394 grávidas com suspeitas de infeção pelo vírus zika.

Os casos de zika começaram em Cabo Verde em setembro do ano passado e a doença foi declarada epidemia oficialmente a 22 de outubro do mesmo ano, tendo sido, até agora, registados cerca de 7.580 casos suspeitos, com cerca de cinco mil desse total na cidade da Praia. Desde janeiro, o número de casos suspeitos vem decrescendo de forma significativa, passando a oscilar entre 2 a 6 casos por semana contra cerca de 790 no pico da epidemia, em meados de novembro.