O Presidente da República quer ouvir os partidos e os parceiros sociais no início da próxima semana. Marcelo Rebelo de Sousa marcou reuniões para segunda-feira com os partidos políticos e para terça-feira com os parceiros sociais. Segundo confirmou fonte oficial da Presidência da República ao Observador, o objetivo é avaliar “a situação política nacional”.
Entre as preocupações do Presidente está, desde logo, o início das negociações para o Orçamento do Estado para 2017. A questão das sanções comunitárias aos resultados orçamentais atingidos em 2015 ainda não está arrumada, uma vez que a Comissão tem pressionado o Governo de António Costa a tomar mais medidas já este ano, como sinal do compromisso de Portugal para com as regras europeias.
É a grande ocasião para ouvir todos os partidos e todos os parceiros sociais. Vou perguntar-lhes como é que viram esta sessão legislativa que terminou e como é que veem a que vai começar. Como é que viram a execução do Orçamento de 2016 e como é que veem o Orçamento para 2017″, disse Marcelo, esta quinta-feira, aos jornalistas.
Além disso, adiantou o Presidente, ouvidos os partidos e os parceiros Marcelo fica “em condições de ter um retrato global do país político, económico e social”. Ou seja, fica com “a exata noção de quais são os problemas para os partidos e para os parceiros e também quais são as estratégias, orientações, como é que se vão comportar nos próximos meses, nomeadamente até ao final do ano“.
Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou ainda para afastar o fantasma das eleições antecipadas, frisando que não antecipa nenhuma crise política uma vez que a execução orçamental está, por enquanto, “sob controlo”, e as últimas sondagens não indicam qualquer alteração significativa.
Mas os encontros não serão só marcados pelos temas orçamentais. Segundo apurou o Observador, o Presidente também vai querer discutir o episódio do fracasso da eleição de Correia de Campos para a presidência do Conselho Económico e Social (CES).
A eleição deveria ter ocorrido ontem, na Assembleia da República: PS e PSD tinham chegado a acordo sobre o nome a propor para a liderança do CES. Contudo, contados os votos, o número de deputados favoráveis a António Correia de Campos, ex-ministro da Saúde, não foi suficiente. Dos 221 deputados que participaram, apenas 105 votaram “sim”. Houve 93 votos brancos e 23 nulos.
Como o voto é secreto, não é possível apurar com certeza o que aconteceu. Deputados do PS acusaram o PSD de ter rasgado o acordo, enquanto deputados sociais-democratas assumiram que houve algumas votações em branco, mas frisaram que teriam sido insignificantes se os socialistas, comunistas e bloquistas tivessem votado unidos.
Artigo atualizado às 20h30 com as declarações do Presidente da República.