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Águas de Timor-Leste têm a maior biodiversidade do mundo

Este artigo tem mais de 5 anos

Investigadores encontraram 642 espécies diferentes nos recifes de coral da ilha de Ataúro, em Timor-Leste. São as águas com a maior biodiversidade do mundo, mas estão em risco.

Inserida no Triângulo de Coral, a ilha timorense bate o recorde anterior, registado na Papua Nova Guiné, que tinha uma média de 216 espécies em cada local analisado
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Inserida no Triângulo de Coral, a ilha timorense bate o recorde anterior, registado na Papua Nova Guiné, que tinha uma média de 216 espécies em cada local analisado

AFP/Getty Images

Inserida no Triângulo de Coral, a ilha timorense bate o recorde anterior, registado na Papua Nova Guiné, que tinha uma média de 216 espécies em cada local analisado

AFP/Getty Images

As águas em torno da ilha de Ataúro, em Timor-Leste, têm a maior biodiversidade do mundo. As conclusões são de um estudo da Conservation International, divulgadas pelo jornal britânico The Guardian.

642

Espécies diferentes encontradas nas águas da ilha de Atauro.

Uma equipa de investigadores analisou dez locais na ilha e encontrou uma média de 253 espécies de peixes em cada local. No total, os investigadores encontraram 642 espécies diferentes naquelas águas. Num dos locais analisados, chegaram mesmo a descobrir 314 espécies diferentes — algumas delas poderão ser totalmente novas, e outras são muito raras.

Inserida no Triângulo de Coral, a ilha timorense bate o recorde anterior, registado na Papua Nova Guiné, que tinha uma média de 216 espécies em cada local analisado.

A ilha de Atauro, 25 quilómetros a norte de Díli, a capital de Timor-Leste, tem 23 quilómetros de comprimento.

A equipa, experiente no estudo dos recifes de coral, ficou surpreendida com a biodiversidade do local. “O meu colega Gerry Allen e eu já fizemos mais de 10 mil mergulhos, entre os dois, na zona do Triângulo de Coral, por isso estamos habituados a locais com alta diversidade. Mas a ilha de Ataúro mostrou-se excecionalmente rica”, confessou o investigador Mark Erdmann ao jornal britânico.

A Ataúro portuguesa

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Ataúro foi colonizada pelos portugueses em conjunto com Timor-Leste no século XVI, e depois usada como ilha-prisão. Os portugueses só deixariam a ilha em 1975, não sem que antes nela se tivesse refugiado o último governador daquela colónia, Mário Lemos Pires. Esse responsável fugiu de Díli a 11 de agosto de 1975, quando a UDT organizou um golpe para tentar impedir a tomada de poder pela Fretilin, então um grupo de inspiração maoista. As tentativas de Lemos Pires para que os dois grupos rivais chegassem a acordo foram infrutíferas e, mesmo instado a regressar e a retomar o processo de descolonização, tal nunca aconteceu sob o pretexto de que faltavam instruções de Lisboa. A 7 de Dezembro a Indonésia acabaria por invadir Timor-Leste, iniciando um período de ocupação que só terminou em 1999, com um referendo que decidiu pela independência. Ataúro é hoje subdistrito do distrito de Díli.

De acordo com o cientista, dos dez locais explorados, três apresentavam mais de 300 espécies diferentes, o que é sinal de elevada biodiversidade. “Usámos esta técnica em mais de mil lugares nos oceanos Índico e Pacífico, e os únicos locais que ultrapassaram as 300 espécies estão na região entre as províncias da Celebes Setentrional e da Papua Ocidental, uma área conhecida por ser o epicentro da biodiversidade dos peixes de recife de coral”, explica Erdmann.

Um especialista em recifes de coral explica ao jornal que “descobrir novas espécies nestas águas não é surpreendente”. Para Michel Kulbicki, que estuda os peixes naturais dos recifes de coral no Institut de Recherche pour le Développment, “é muito provável que estes recifes em Timor possam ter uma diversidade muito elevada de peixe de recife, e é provável que se encontrem entre os mais ricos”.

Recifes de coral em risco

No entanto, os recifes de coral de Timor não estão nas melhores condições, o que Kulbicki lamenta. O investigador sublinha que “alguns locais têm jardins de coral surpreendentes, e paisagens de cortar a respiração”, mas “outros locais mostram, tristemente, as cicatrizes de um legado de pescas com explosivos, e dos surtos de estrelas do mar de coroa-de-espinhos”.

Erdmann, que estudou de perto os recifes, concorda, destacando que “no geral, os recifes em Ataúro estão em boa forma, mas uma conservação organizada e um esforço na gestão das pescas podia colocar estes recifes de novo em condições fantásticas”. A solução, para o cientista, seria transformar toda a ilha de Ataúro uma área marítima protegida, e a pesca só permitida aos habitantes locais.

E é precisamente isso que a Conservation International vai propor a Timor-Leste, como explica ao The Guardian Trudiann Dale, a diretora da organização naquele país. A falta de dados, refere Dale, torna “muito difícil para um país novo entender o que é necessário para proteger o ambiente”. Essa é parte do trabalho daquele organismo: “Com o apoio dos habitantes da ilha de Ataúro e do Ministério da Agricultura e Pescas, a Conservation International irá submeter um pedido para que toda a ilha e a suas águas passem a ser áreas protegidas”.

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