Pedro Passos Coelho, líder do PSD, pediu a José António Saraiva que o “desobrigasse” da apresentação do livro Eu e os políticos e o autor acedeu, ficando sem efeito a cerimónia de lançamento do livro. “Não sou de voltar atrás com a palavra e pedi ao arquiteto José António Saraiva que me desobrigasse de um compromisso com ele assumido”, porque não tinha aplicado “o filtro” devido à obra. O escritor acedeu, explicou Pedro Passos Coelho esta quarta-feira enquanto falava numa incubadora de empresas em Oeiras.

O ex-primeiro-ministro afirmou que aceitou a proposta de apresentar o livro “pela admiração e respeito pelo autor e não pela obra em si”. Passos Coelho explicou que não tinha lido o livro escrito por Saraiva quando aceitou fazer a apresentação.

O líder do PSD justificou o recuo porque, entretanto, teve acesso à obra. E pediu diretamente a Saraiva que o desobrigasse:

O respeito e admiração que tenho por ele [Saraiva], também tenho por pessoas que vêm ali retratadas e que são retratadas em termos que não são estritamente políticos”.

O ex-primeiro ministro afirmou que não gostaria de ficar associado a uma discussão “que pudesse misturar” a vida política dos visados e a sua vida íntima, retratada no livro. “Percebi que havia um filtro que não tinha sido aplicado devidamente, pelo menos na minha conceção.”

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Passos afirmou ainda que o escritor “prontamente” o libertou de fazer a apresentação. Passos afirmou ainda que, caso não fosse desobrigado, esta seria uma “situação mais constrangedora” para si. O líder do PSD reforçou ainda que esta “não era uma questão partidária” e sim de “natureza particular” e que, por isso, não foi pressionado pelo seu partido para não apresentar a obra.

No último sábado, Passos Coelho tinha insistido na decisão de apresentar o livro afirmando: “Não sou de voltar com a palavra atrás nem de dar o dito por não dito. Estarei a fazer a apresentação dessa obra”.

“Esta decisão foi absolutamente inesperada, mas acho compreensível. Metendo-me na pele de Pedro Passos Coelho, é de facto a atitude mais sensata”, declarou Saraiva em declarações ao jornal i. “Da mesma maneira que ele aceitou apresentar o livro sem me perguntar nada, desobriguei-o obviamente de o apresentar com a mesma rapidez.”