Jerónimo de Sousa foi reeleito como secretário-geral comunista, iniciando assim o seu quarto mandato como líder do PCP. Com esta reeleição, Jerónimo prepara-se para ultrapassar Carlos Carvalhas em termos de longevidade — o sucessor de Álvaro Cunhal esteve 12 anos à frente do partido.
A reeleição de Jerónimo de Sousa era o segredo mais mal guardado deste XX Congresso comunista. De resto, o secretário-geral do PCP foi eleito por unanimidade, ainda que, de acordo com fonte oficial do partido, tenha preferido não votar em si próprio.
Nem sempre foi assim, no entanto. Como explicava aqui o Observador, quem há um ano apostasse na reeleição de Jerónimo de Sousa como secretário-geral do PCP arriscar-se-ia seriamente a perder, tal era a insistência com que lhe apontavam sucessores.
Na sequência de um resultado aquém das expectativas nas eleições legislativas, começaram a surgir com alguma insistência rumores de um movimento interno que pretendia precipitar a saída do secretário-geral, antecipando o congresso comunista com data marcada para dezembro. Num partido conhecido por deixar as divergências dentro de “casa” este era um sinal que não podia ser desvalorizado.
Outra solução que chegou a ser ventilada com alguma insistência passava por uma eventual eleição de um secretário-geral-adjunto, que ajudasse a desenhar a sucessão de Jerónimo de Sousa. Uma solução já assumida em 1990, altura em que Carlos Carvalhas foi eleito número dois de Álvaro Cunhal.
As duas hipóteses vieram a revelar-se infundadas. Aliás, a ideia de uma eventual sucessão de Jerónimo de Sousa foi perdendo força à medida que os sinais de unidade do partido em torno do secretário-geral comunista se tornavam mais evidentes. Fortalecido por ser peça fundamental na construção de um ciclo político inédito na história do PCP e da democracia portuguesa, o Comité Central comunista concluiu que não havia razões para quebrar o ciclo num momento tão decisivo para o partido e para o país.