Estávamos em 2007 quando Oprah Winfrey recomendou, no seu programa diário, o sabonete da marca portuguesa Claus Porto. De todo o mundo, começaram a chover encomendas. O velhinho produto de beleza continuava, afinal, a ser apreciado pelas mulheres. Atualmente, a Claus Porto (à beira de fazer 130 anos de história) está presente em mais de 60 países e ajudou à (re)consolidação de um mercado que, com os desafios (e avanços na cosmética) que o novo milénio trouxe, muitos pensaram ter os dias contados.
Hoje em dia, com o vintage a ser o novo moderno, os sabonetes portugueses tornaram-se um produto estrela e estão presentes em qualquer guia de Portugal. O jornal americano Observer diz em brincadeira que, em viagem ao Porto, é preciso comprar-se um sabonete como prova de que se visitou a cidade. E o New York Times relembra que, depois de subir e descer Lisboa, sabe bem um bom banho e destaca os sabonetes Portus Cale, coleção da Castelbel Porto.
Com todas as inovações e tendências a surgir a todo o momento, os sabonetes continuam a representar um pequeno mundo encantado da beleza — basta entrar numa das duas lojas Claus Porto para se ficar perdido no meio das cores, dos padrões e dos cheiros. Mas, na verdade, há muito mais para lá das embalagens bonitas e do saudosismo. Os sabonetes são bons. E acima de tudo, fazem bem à pele: são nutritivos, hidratam, limpam, acalmam e até exfoliam. Estamos também a ver nascer novas marcas que pegaram neste produto milenar e lhe deram uma roupagem moderna e até atrevida, apelando às novas gerações — como as portuguesas Soap Porn, de Lara Franco, e a Juicy Soaps, que só usam ingredientes naturais.
Mas mesmo internacionalmente, há um leque cada vez maior de marcas a apostar neste produto nas suas coleções — Lush, Clash, The Body Shop, L’Occitane ou O Boticário são apenas algumas das que se vendem em Portugal porque, lá fora, a lista é infindável. O site The Trend Hunter reuniu uma lista de marcas que continuam a criar sabonetes com embalagens de morrer — que é como quem diz demasiado bonitas para serem abertas.
Se um dia os sabonetes foram aquele detestável presente de natal que algum parente insistia em oferecer, em 2016 chegaram às sugestões de prendas da Vanity Fair, do site Refinery29 e do New York Post. Apesar dos dados negativos da agência de estudos de mercado Mintel que afirmou que as vendas de sabonetes estão a cair nos Estados Unidos, o jornal britânico Telegraph escreveu, na semana passada que, à semelhança do que já vem sendo tendência na Ásia, o regresso do sabonete para lavar o rosto vai chegar em breve à Europa. O mesmo previu a portuguesa Benamôr que, aos 91 anos se reinventou, procura conquistar o mercado asiático e acrescentou ao seu portfólio quatro sabonetes.
Mais de cinco mil anos de história
No passado os sabonetes não eram tão modernos e coloridos mas foram, provavelmente, o primeiro produto de beleza a que tivemos acesso na nossa infância. E os nossos anciãos também. O site Soap History refere que a primeira evidência concreta de algo semelhante a um sabonete data de 2.800 a.C. — os primeiros fabricantes foram os babilónios, os mesopotâmios, os egípcios , os gregos e os romanos. Todos estes povos perceberam que misturar gordura, óleos e sais dava origem a uma espécie de sabão que, na altura, não era usado para banho ou higiene mas sim para a limpeza de utensílios e fins medicinais. Ao longo da história o sabonete foi utilizado para o tratamento de problemas de pele mas seria só no século XIX que a barra que conhecemos hoje viria a ser inventada.
Se se questiona o que será melhor, sabão em barra ou líquido, a BBC News dá algumas razões para dar uso (ou começar a dar) aos sabonetes. Destacamos três:
- Nada bate aquela sensação de, no banho, esfregarmos um sabonete pelo corpo e sentirmos a sujidade a sair. Não é só físico, é também psicológico.
- Os sabonetes são mais amigos do planeta. Não vai contribuir para o uso excessivo de plásticos porque a maioria vem embrulhado em papel.
- O sabonete é um pequeno luxo a que todos podemos ter acesso. Dão cor à casa de banho, têm texturas e aromas diferentes, alguns vêm em formas bonitas e até divertidas. E, claro, dão um ótimo presente de Natal.