Segundo o semanário francês Journal de Dimanche (JDD), François Fillon, candidato à presidência francesa, não deverá livrar-se tão cedo do escândalo financeiro em que está envolvido. O departamento de investigação de fraude financeira francês terá decidido, esta semana, prosseguir com as investigações ao ex-primeiro-ministro, que está sob suspeita de ter pago à sua mulher e a dois dos seus filhos largos milhares de euros, do erário público, por trabalhos que nenhum deles terá realizado.
As perspetivas pioraram para o candidato quando o semanário Canard Enchainé publicou que a mulher de Fillon, Penelope, terá recebido 900 mil euros como assistente parlamentar, mais 300 mil do inicialmente se pensava. O caso, já apelidado de “Penelopegate”, poderá ainda chegar a dois dos cinco filhos do conservador francês que terão recebido 84 mil euros por serviços de assistência parlamentar durante os anos em que François Fillon foi deputado (1998-2012). Fillon já se defendeu confirmando que pagou de facto à sua mulher com dinheiro público mas por vários trabalhos que ela de facto realizou.
O Journal de Dimache não identifica as suas fontes junto do processo mas diz que esta nova ação prevista pelas autoridades efetivamente destrói as esperanças de Fillon em relação ao arquivamento por falta de provas. Um porta-voz da Procuradoria disse no entanto que “a decisão ainda não está tomada” e que “a baliza temporal da investigação ainda não está definida”.
Fillon já tinha dito que caso fosse formalmente acusado pelas autoridades francesas de algum crime se afastaria da corrida às presidenciais, onde é visto como o único candidato capaz de impedir que Marine Le Pen, que lidera o partido anti-imigração e anti-Europa Frente Nacional, de chegar ao poder em maio.
Apesar de os advogados da família já terem dito várias vezes à comunicação social que Fillon não fez nada de ilegal e por isso a investigação não tem razão de ser, as sondagens têm-se revelado um desastre para as aspirações do republicano. A última, divulgada na sexta-feira, dia 10, na France Info Radio, mostra que sete em cada dez eleitores franceses querem que Fillon se afaste da corrida. Mesmo entre os eleitores da sua cor, 53% gostariam de o ver substituído mas este número incluiu as pessoas que admitiram votar na Frente Nacional de Le Pen. Sem eles, 36% do centro-direita deseja um outro candidato.
Fillon prometeu continuar em campanha apesar de ter perdido a sua posição como favorito para o rival centrista Emmanuel Macron, ex-ministro das Finanças.