Gianni Pittella, líder da Aliança Progressista dos Socialistas e Democrata, que junta os partidos de centro-esquerda no Parlamento Europeu e onde se inclui o Partido Socialista português, escreveu uma carta a Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, em que defende uma mudança de orientação da União Europeia para fazer face aos desafios do nacionalismo e do isolacionismo.

A missiva é co-assinada pela socialista Maria João Rodrigues, vice-presidente do grupo parlamentar. “Não é exagerado dizer que estamos a viver um momento de definição na história da Europa. A segurança, a prosperidade, a relevância global e o carácter da Europa como lugar da democracia e dos Estado de Direito dependem da capacidade de União Europeia continuar a ser unida, forte perante os desafios que se colocam atualmente. Muitos jogadores de fora e de dentro da Europa estão a tentar obter ganhos políticos a curto prazo, dividindo ou enfraquecendo a União”, pode ler-se na carta a que o Observador teve acesso.

A 25 de março, os líderes europeus reúnem-se na Cimeira de Roma para celebrar o 60º aniversário da assinatura do Tratado de Roma, que deu origem à CEE. Nesse espírito, os socialistas europeus vêm agora defender junto dos líderes europeus o relançamento do espírito de solidariedade europeu.

“Os líderes europeus e os cidadãos europeus devem lembrar-se dos horrores passados causados no nosso continente pelo nacionalismo. Devem valorizar a força que vem da unidade na diversidade, devem encontrar novas formas de entendimento mútuo, de solidariedade e de afeição uns pelos outros. A Cimeira de Roma deve constituir um novo começo para uma União Europeia jovem que queira realizar os seus sonhos num mundo pacífico, mas também suficiente crescida para saber o que quer fazer e como”, escrevem.

Para os socialistas europeus, este deve ser o momento de viragem da Europa. Uma Europa e União fragilizadas pela forma como respondeu à crise, dando “os passos mínimos” em conjunto, pagando o preço da “erosão da confiança dos cidadãos na capacidade da Europa de agir”.

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Uma confiança, continuam, que ficou ainda mais minada pela “falta de controlo da União Europeia perante o desafio da migração”. “Os ataques perpetrados em cidades europeias pelo Estado Islâmico foram facilmente explorados por políticos de extrema-direita que procuram ganhar o poder colocando os europeus contra os requerentes de asilo e outras minorias”.

É preciso responder a esse desafio, defendem os socialistas europeus. “A ilusão do isolamento permanece atraente para muitos no Reino Unido, assim como as promessas nacionalistas que permitiram a Trump assumir a Casa Branca”, notam.

Os líderes da Aliança Progressista dos Socialistas e Democrata pedem, por isso, o reforço dos direitos sociais na União, uma política de investimento europeu voltada para recuperação económica, a conclusão da integração económica e monetária e um combate mais decidido à evasão fiscal.

Noutras áreas, os socialistas europeus defendem o reforço da capacidade de defesa da União, das fronteiras externas do espaço comum e da segurança interna.

Quanto ao Brexit, os socialistas europeus reiteram o apoio ao negociador da UE para o Brexit, Michel Barnier, que já veio defender recentemente que as conversações terão de estar concluídas até outubro de 2018, para que a União e os parlamentos nacionais dos Estados-membros possam ratificar o acordo.