Caso o Governo não dê resposta à “problemática da legislação laboral”, virando-se “para a esquerda” e provando ser “diferente do anterior” Executivo, pode vir a enfrentar uma greve geral de trabalhadores. O aviso é deixado, este domingo, pelo líder da CGTP, Arménio Carlos, em entrevista ao DN e à TSF.

“Naturalmente, nós não pomos de parte a hipótese de se avançar com uma iniciativa que possa ser convergente quer da administração pública, quer do setor privado mais à frente”, afirmou o sindicalista para logo acrescentar, questionado pelos jornalistas, que “todas as hipóteses estão em cima da mesa, nenhuma é excluída” e que tudo “dependerá também da vontade do Governo”.

O que nós não podemos é continuar a assistir a que os mesmos que falam no diálogo social e na importância do diálogo social, depois dão cobertura ao bloqueio da negociação da contratação coletiva. E não há diálogo social…”

Arménio Carlos continua dizendo que não busca a “conflitualidade”, mas que também não foge “do confronto” se a isso for “obrigado”. “Estamos a chegar a um rumo que tem uma bifurcação. Estamos a chegar ao momento da clarificação. E, nesta bifurcação, das duas uma: ou não se avança ou avança-se e, para se avançar, é para a esquerda. E nós queremos que isto vá para a esquerda”, deixou claro o sindicalista.

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O líder da CGTP não ignora a “maior abertura do ponto de vista da negociação” e a “concretização de um conjunto de compromissos e promessas que tinham sido feitas na sequência dos acordos entre os partidos”, mas diz que é momento de decidir o caminho. Ou o Governo “mostra, na prática, que é diferente do anterior e dá sequência a este rumo que abriu expectativas e simultaneamente perspetivas de futuro; ou deixa-se acomodar ao poder e, quando os governos se acomodam ao poder, as coisas não correm bem”.

Estamos a chegar a uma situação em que o diálogo precisa de ter mais eficácia. Ou seja, nós temos um conjunto de problemas estruturais que continuam sem qualquer tipo de resposta. Falamos na problemática da legislação laboral: temos a legislação laboral da troika e da política de direita. E ela é responsável pela pobreza laboral que, entretanto, tivemos. E não há resposta até aqui. Tem de haver.”

Arménio Carlos lembra, por exemplo, que a situação da contratação coletiva “continua bloqueada”.

O líder da CGTP frisou ainda que também os privados têm estado em luta, com várias iniciativas e deu até alguns exemplos: a quinzena de luta dos trabalhadores da metalurgia e das empresas elétricas; a quinzena de luta dos trabalhadores do comércio, setores e serviços, a quinzena de luta dos trabalhadores da hotelaria, em vários hotéis e também cantinas, entre outros.

Os funcionários públicos têm greve marcada para o dia 26 de maio.