As autoridades venezuelanas estão a esforçar-se para reforçar as relações com Portugal, disse esta sexta-feira o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, vincando ser importante o fortalecimento da cooperação bilateral. “Ligam Portugal e a Venezuela, laços históricos, culturais, sociais, empresariais e económicos muito fortes e é importante que esses laços tenham condições para se desenvolverem no futuro”, disse.

José Luís Carneiro falava à agência Lusa, no âmbito de uma visita de quatro dias à Venezuela, acompanhado pelo secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, da Madeira, Sérgio Marques, no âmbito da qual ambos se encontraram, na quinta-feira, com a ministra venezuelana de Relações Exteriores, Delcy Rodríguez.

“O balanço [do encontro] é positivo desde que agora o Ministério de Relações Exteriores [da Venezuela] e as autoridades venezuelanas cumpram com os compromissos que estabeleceram connosco”, disse. O primeiro desses compromissos, explicou foi o de o Ministério de Relações Interiores e Justiça, poder “reunir-se regularmente com os nossos empresários, que foram objeto de ataques que destruíram o seu património os seus estabelecimentos”.

“Sexta-feira haverá um encontro destinado a uma avaliação de prejuízos, a uma identificação dos casos que possam ser identificados, sobre os responsáveis destes ataques por forma a responsabilizar aqueles que causaram tão graves prejuízos materiais, mas também psicológicos aos portugueses que aqui investem as suas vidas e o seu trabalho”, disse.

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Para José Luís Carneiro, o segundo compromisso tem a ver com “a disponibilidade do Governo venezuelano para reunir-se também com os industriais da distribuição, da panificação, do setor automóvel e da hotelaria, para identificar bloqueios da sua atividade”.

“Estamos a falar fundamentalmente da denominada Lei de Preços Justos que cria de facto dificuldades às condições de rentabilidade das próprias empresas. E também para os industriais de panificação, estamos a falar de matéria-prima, nomeadamente farinha”, frisou.

Nesse sentido haverá uma reunião trabalho com o presidente da Associação de Industriais de Panificação da Venezuela, que são um número de 7000, dos quais 95% são portugueses. “Por outro lado ficou também estabelecido o compromisso de se manter como previsto a comissão mista luso-venezuelana, para acompanhar as questões de natureza económica e empresarial”, disse.

O SEC recordou que o porto de La Guaira, o mais importante de toda a América Latina é exemplo de cooperação empresarial de uma empresa portuguesa com o Estado venezuelano e que será a portuguesa, Teixeira Duarte a administrar uma parte da atividade que nele se desenvolve.

“Aquilo que aconteceu com a Teixeira Duarte era muito importante que se passasse também com outras empresas, nomeadamente com a TAP, porque era importante que pudesse operar em boas condições para garantir maior facilidade no transporte aéreo dos portugueses que vivem na Venezuela, que gostavam de ir com maior regularidade a Portugal e que só não o fazem pelos custos de operação e pela dificuldade na compra de bilhetes de transporte com recurso à moeda venezuelana ou bolívares”, frisou.

O encontro permitiu ainda para, no âmbito consular, de agendar uma maior regularidade na visita aos detidos portugueses, e de falar de detenções de alguns portugueses, no âmbito das manifestações. Durante a visita o SEC tem visto “uma vontade muito grande” dos empresários portugueses em continuar a viver, a trabalhar e ter as suas vidas estabelecidas na Venezuela, país aos quais estão ligados por uma relação afetiva, hereditária, de memória, muito grande.

“Também têm aqui as suas vidas constituídas. Seria muito doloroso para muitos destes portugueses terem que deixar este país e o que desejamos é que as condições de vida social, económica e política se restabeleçam o mais rapidamente possível para que continue a ser um país de oportunidades para muitos”, disse.