O Bloco de Esquerda anunciou esta sexta-feira que vai chamar ao Parlamento o ministro das Infraestruturas sobre o Ramal da Lousã (Coimbra), declarando que o projeto em cima da mesa está “muito aquém” do compromisso de uma ferrovia de excelência.

“É um projeto que desrespeita completamente sucessivas resoluções aprovadas na Assembleia da República. E o que vem dizer é que é por razões técnicas que isso acontece. É a técnica que é posta à frente da decisão democrática”, sustentou o deputado do BE José Manuel Pureza, justificando o pedido para ouvir o ministro Pedro Marques.

O bloquista falava à margem de uma visita à DocaPesca de Portimão, que marca o arranque de dois dias de jornadas parlamentares do partido, e as declarações aos jornalistas acontecem no dia em que dezenas de pessoas estão concentradas, na Lousã, em protesto contra a anunciada transformação do ramal ferroviário regional em via para autocarros elétricos integrada no Sistema de Mobilidade do Mondego.

Pureza lamentou que não esteja a ser cumprido o desígnio de se projetar um “transporte ferroviário de qualidade, rápido, que fosse idêntico àqueles que circulam nas cidades ou nas manchas urbanas europeias idênticas à de Coimbra”. “O que está agora a ser anunciado é um projeto que fica muito aquém do cumprimento desse compromisso”, prosseguiu.

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A iniciativa de protesto na Lousã começou às 09h00, com a chegada dos primeiros manifestantes junto aos Paços do Concelho, onde o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, apresenta hoje um estudo de mobilidade rodoviária, ligando Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra, para substituir o sistema de metro projetado há 21 anos pelo Estado e pelos municípios envolvidos.

Os populares defendem a reposição do serviço público ferroviário no Ramal da Lousã e a rejeição do denominado “sistema metrobus”, cuja primeira divulgação oficial conta com a participação de técnicos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que realizou o estudo.

No documento, é rejeitada a reposição do comboio no Ramal da Lousã, incluindo na versão de metro ligeiro, não acatando o que foi recomendado pela Assembleia da República em diferentes resoluções aprovadas em fevereiro.

A proposta de mobilidade com que o Governo se comprometeu junto dos presidentes dos municípios envolvidos, Luís Antunes (Lousã), Miguel Baptista (Miranda do Corvo) e Manuel Machado (Coimbra), todos do PS, deverá custar 89,3 milhões de euros, disse uma fonte governamental à agência Lusa.

A fonte adiantou que a “versão definitiva” do trabalho do LNEC, avalizada pelo Governo, suscitou o acordo dos presidentes das três câmaras e escolheu um modelo de autocarro “exclusivamente elétrico”, após ter sido também ponderada a propulsão a gás natural comprimido e híbrida, que foram recusadas.

O Ramal da Lousã foi encerrado há mais de sete anos, para obras que visavam a instalação de um metro ligeiro, as quais foram interrompidas algum tempo depois por razões financeiras.