Em entrevista ao Diário de Notícias/TSF, gravada na última sexta-feira (horas antes de ser conhecido o relatório da Proteção Civil que dava conta de uma falência grave do SIRESP que se prolongou por quatro dias) e publicada este domingo, a ministra da Administração Interna admite retirar consequências das investigações à operação em Pedrógão Grande que estão em curso. “Tiraremos as devidas ilações e eu tirarei naturalmente as devidas ilações”, diz Constança Urbano de Sousa.

A ministra fala de uma “grande tragédia” mas recusa retirar “conclusões precipitadas” sobre as investigações em curso. E ressalva: “Neste momento, eu acho que é muito prematuro estar aqui a seguir pelo caminho que é fácil, era o caminho mais fácil a seguir, ia satisfazer uma certa apetência que alguns têm pelo sangue, se quisermos. Mas ia resolver algum problema pergunto-lhe a si eu agora?”.

Com a época de incêndios ainda agora a chegar ao período mais crítico, Constança Urbano de Sousa considera, no entanto, que retirar consequências práticas de eventuais erros cometidos, seria “fragilizar” a estrutura da Proteção Civil. “Acho que, neste momento, numa altura em que o país precisa de tantas respostas, em que o país necessita de regressar à normalidade, nós temos que ter também a coragem para enfrentar os problemas”. Questionada diretamente sobre se pondera apresentar a demissão, a ministra recua:

Enquanto eu tiver a confiança política do senhor primeiro-ministro, não me demito, mais uma vez o digo, essa seria a via mais fácil”, reitera a governante, na entrevista ao Diário de Notícias/TSF.

Não correu tudo bem no combate ao incêndio de Pedrógão Grande. A própria ministra reconhece-o. Mas também considera que “não é o momento para repensarmos o sistema em toda a sua globalidade, porque este é o momento do combate e nós temos que ter o país preparado para um combate que ainda temos que enfrentar nos próximos dois, três meses”.

Sobre a origem do incêndio que vitimou 64 pessoas, e considerando as declarações do presidente da Liga de Bombeiros — Jaime Marta Soares, que defendeu ter havido “mão criminosa” no fogo –, Constança Urbano de Sousa diz que ao ministério nunca chegou essa indicação. “Não, nunca recebi nenhum tipo de informação”, garante.

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