O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses defendeu esta quinta-feira que falta dar à Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) aquele que deve ser o seu papel, um de um órgão coordenador e não de comando.

O que falta é, efetivamente, dar à ANPC aquele que deve ser o seu papel, que é de um órgão coordenador. Em qualquer país da Europa e do mundo, é de coordenação, só em Portugal é que comanda”, afirmou Jaime Marta Soares à agência Lusa.

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses falava em Pedrógão Grande, no final de uma sessão extraordinária, promovida pela Comissão dos Direitos Humanos, Questões Sociais e Assuntos da Natureza da Ordem dos Advogados (CDHQSAN), conjuntamente com as suas congéneres dos Engenheiros e dos Arquitetos, para apresentar um conjunto de propostas direcionadas às vítimas da tragédia que afetou a região.

Marta Soares considerou “caricata” esta situação, visto que a ANPC “só comanda os bombeiros que são estruturas que pertencem à sociedade civil, às associações humanitárias e às câmaras municipais”. Sem se querer referir especificamente aos incêndios de Pedrógão Grande, disse que o momento deve ser de reflexão.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Contudo, adiantou que a organização que foi desenvolvida a partir da extinção do Serviço Nacional de Bombeiros (SNB) e com as inovações que quiseram fazer, com a criação de super-estruturas, que são “super-caras e com demasiadas gorduras, que davam para que os bombeiros vivessem bem melhor do que vivem”.

Há situações que também não podem continuar e que até são fáceis de desenvolver. É preciso é vontade política e que as pessoas saibam o que isto representa e o que é que aumenta de eficácia e diminui de custos. Estas coisas são tão fáceis de entender”, disse.

Marta Soares defendeu uma refundação da ANPC, que deve ter uma função coordenadora e apontou à definição dos comandos autónomos. “Fala-se em comando único, não é verdade. Não há comando único nenhum, é conversa e isso até se alterou para pior. Queremos uma direção-geral de bombeiros autónoma, com orçamento próprio e que a nossa estrutura comece e acabe o comando nos galões do comandante”, sustentou.

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses sublinha que se criaram super-estruturas que esta quinta-feira, “tropeçam umas nas outras”. Por último, voltou a defender o apuramento de tudo o que se passou no incêndio de Pedrógão Grande até ao limite e até às últimas consequências.

“Não venham dizer que não há tempo nem desculpas. Que se façam as coisas com cabeça, tronco e membros e que tenhamos em conta de que a morte destas pessoas merecem da parte de todos nós uma profunda reflexão e um respeito muito grande em tudo o que possa ser a análise dos acontecimentos”, concluiu.