O Governo reconheceu esta segunda-feira a existência de uma situação de seca severa no território continental, desde 30 de junho, que consubstancia um fenómeno climático adverso, com repercussões negativas na atividade agrícola, em despacho publicado em Diário da República.
No preâmbulo do diploma, assinado na passada terça-feira e com efeitos a 30 de junho de 2017, o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, recorda que o ano hidrológico 2016/2017 se tem caracterizado, em termos gerais, por “um défice de precipitação, valores das temperaturas média e máxima muito acima do normal”, em particular desde o início da primavera, com ondas de calor durante dias consecutivos, baixo teor de água no solo e disponibilidades hídricas abaixo das médias de armazenamento.
Em termos agrícolas, refere o documento, “denota-se já nas atividades agrícolas que suportam a alimentação animal, culturas forrageiras e pastagens, quebras de produtividade relevantes, pelo que, em muitas situações, se antecipa o consumo das reservas existentes destinadas ao período estival ou mesmo o desvio para pastoreio de áreas de cereais para grão”.
Capoulas Santos destaca ainda os prejuízos registados nos cereais para grão, traduzidos numa quebra de qualidade e de rendimento, e lembra que a falta de água para rega levou à redução de áreas semeadas nas culturas de arroz, milho para grão, tomate para indústria, melão e batata.
Este passo agora dado pelo Governo inicia procedimentos para a disponibilização de compensações aos agricultores.
Segundo o diploma, “o agravamento destes fatores ao longo do ano hidrológico, bem como o efeito cumulativo dos mesmos, resultaram numa situação que se traduzia, no final de junho, em 72,3% do território em seca severa e 7,3% em seca extrema e num valor médio de precipitação acumulada de 75 %”, lê-se no despacho.
O ministro lembra ainda que, até ao final de junho, se observou em quase todo o território precipitação acumulada inferior à média registada entre 1971 e 2000 que, em determinadas zonas, representou uma diminuição de quase 50%.
Também o teor de água no solo, em percentagem da capacidade de água utilizável pelas plantas, se situou entre 30% e 50%, exceto na região norte.
Para esta situação terão contribuído as elevadas temperatura verificadas em junho, um dos mais quentes desde que existem registos, com o valor da temperatura máxima do ar de 29,57ºC “, o terceiro mais alto desde 1931.
O Governo, no despacho, lembra ainda a ocorrência entre 7 a 24 junho de ondas de calor em todo o território, com exceção da faixa litoral, e consequentemente, no final de junho, apenas três (Lima, Ave e Arade) das 12 bacias hidrográficas existentes acima do nível médio de armazenamento.
Consequente, conclui-se que o território continental encontra-se sujeito a uma seca extrema ou severa e que, pela sua gravidade, consubstancia um fenómeno climático adverso”, conclui.