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Tancos. Militares estiveram 11 dias sem jipe para as rondas

Este artigo tem mais de 5 anos

Um acidente, uma semana e meia antes do assalto aos Paióis Nacionais de Tancos, criou a oportunidade ideal para o furto de armamento de guerra. Equipas ficaram sem carro para fazer rondas.

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PAULO NOVAIS/EPA

PAULO NOVAIS/EPA

Os militares responsáveis por garantir a segurança aos Paióis Nacionais de Tancos (PNT) estiveram 11 dias sem o jipe usado para fazer as rondas aos cerca de 340 mil metros quadrados daquelas instalações. Um acidente na área dos paióis – o segundo do género – fez com que, entre 18 e 28 de junho, as rondas de carro ficassem limitadas a determinadas horas do dia, criando o cenário ideal para o furto de mais de uma centena de granadas, explosivos, lança-rockets e outro armamento de guerra.

Assim, existia uma ronda de carro à hora de almoço e outra à hora de jantar. Fora desse período, as rondas sobre quatro rodas eram a exceção. Durante quase duas semanas, até à tarde de 28 de junho, quando a intrusão nos paióis foi detetada, a vigilância aos 2,5 quilómetros do perímetro esteve limitada aos dois momentos do dia em que os militares destacados para os armazéns militares eram rendidos para as refeições, apurou o Observador junto de fonte conhecedora do processo.

Cerca de uma semana e meia antes, um acidente no interior dos PNT deixou inutilizado o jipe que as equipas de militares usavam para fazer a ronda àquele terreno. E, algum tempo antes – o Observador não conseguiu apurar ao certo em que momento –, um primeiro acidente já tinha deixado outro jipe nas mesmas condições. O Exército abriu um processo de averiguações para perceber em que condições os acidentes aconteceram, mas, quando o segundo carro deixou de poder ser utilizado, a sua substituição tardou.

Questionado sobre as circunstâncias em que ocorreram os acidentes, sobre as condições em que eram feitas as rondas e sobre a demora na substituição dos jipes acidentados, o Exército refere, como tem feito sempre sobre este tema, que “não comenta detalhes sobre um assunto que está a ser investigado pelas autoridades competentes”. Continua, no entanto, a garantir “toda a colaboração” aos responsáveis pela investigação, num processo entregue aos procuradores Vítor Magalhães e João Melo, do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

Ronda a pé detetou portas arrombadas

Os PNT têm 20 pavilhões, entre paióis e paiolins. Uma parte desses armazéns está vazia; outros guardam algumas peças no interior, mas os mais significativos eram mesmo aqueles que os assaltantes arrombaram algures entre a madrugada e a tarde de 28 de junho, numa ronda a pé. Esse facto — a precisão dos assaltantes nos edifícios a arrombar — levou o Chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte, a assumir que, “para haver algo deste género, tem de haver informação interna”.

O portão de um dos três paiolins mais sensíveis foi o primeiro sinal de alerta. Quando os militares passaram por ali, pouco depois das 16h, aperceberam-se de que um dos portões estava escancarado. Perceberam mais tarde que tinham sido levadas algumas dezenas de “granadas de mão ofensivas e munições de calibre 9 milímetros”. Essa foi, aliás, a informação que o Exército disponibilizou no primeiro comunicado que divulgou sobre o assunto. Mas havia mais material desaparecido — material considerado muito mais sensível.

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Ao lado desse paiolim, um segundo armazém assaltado inspirava mais cuidados. A fechadura também tinha sido destruída, mas o portão estava encostado. Com receio de que o edifício pudesse estar armadilhado (arriscar detonar um explosivo naquele local teria consequências graves, uma vez que no interior ainda havia bastante material de guerra armazenado), os militares não entraram e optou-se por acionar uma equipa de inativação de explosivos do regimento de Engenharia nº1, instalado a umas centenas de metros dos paióis.

Só depois terá sido detetado o corte na zona norte da rede que delimita o terreno dos paióis, a cerca de 500 metros dos armazéns assaltados. Sem jipes, com as torres de vigia nos paióis desativadas e com o sistema de videovigilância inutilizado há vários anos, a segurança ao espaço era assegurada por rondas de jipe (na maior parte dos casos limitadas aos momentos de troca de equipas) e rondas “apeadas”. A ação de vigilância que detetou o arrombamento foi, segundo o Observador apurou junto de fontes militares, realizada a pé.

As rondas são, habitualmente, um misto dos dois modelos. Nas deslocações a pé é verificada, por exemplo, a integridade dos “selos” na porta dos paióis e paiolins. Esse “selo” é a garantia de que aqueles portões não foram abertos de forma indevida. Por outro lado, a volta de jipe permite cobrir a extensa área dos paióis de forma muito mais rápida. Nessas rondas mais alargadas pelo perímetro, os militares estão atentos a sinais como o estado da rede.

O furto a Tancos foi detetado a meio da tarde de 28 de junho. Ainda nessa noite, os inspetores da Polícia Judiciária Militar estiveram no terreno a recolher as primeiras provas e as equipas cinotécnicas da GNR bateram os terrenos à volta dos paióis de Tancos em busca de algum material furtado que pudesse ter sido deixado para trás ou de algumas pistas sobre os autores do assalto.

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No dia seguinte, numa reunião de segurança coordenada pelo Centro de Informações e Segurança Militares em que estiveram presentes elementos das secretas, da PSP, GNR, dos três ramos militares e dos serviços de informações do Exército, foram partilhadas pela Polícia Judiciária Militar as informações disponíveis naquele momento. A Polícia Judiciária e o ministro da Defesa já tinha sido avisados; o general Pina Monteiro, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, soube na quinta-feira à noite e o presidente da República, enquanto comandante supremo das Forças Armadas, soube nessa sexta-feira, no mesmo dia em que a Unidade de Coordenação de Contra-Terrorismo concluiu que o furto de mais de uma centena de peças de material de guerra não representava um risco para a segurança nacional.

Existe também uma polémica sobre o momento em que as secretas foram avisadas do assalto: no parlamento, os responsáveis dos Serviços de Informações e Segurança (SIS) e dos Serviços de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) disseram ter tido conhecimento do caso pela comunicação social. Mas o Exército diz que foram informados numa reunião de segurança do Centro de Informações e Segurança Militares (CISMIL), ainda antes de o Exército ter difundido um comunicado sobre o furto.

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