A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) é uma “situação grave de retrocesso”, mas a posição dos outros Estados-membros “foi menos desunida” do que se propalou, considerou esta segunda-feira o representante da Comissão Europeia em Portugal.

“A saída de um membro nunca é boa, não vale a pena iludirmo-nos, é uma situação grave de retrocesso”, disse à Lusa João Faria, considerando que, apesar de tudo, a posição dos outros Estados-membros em relação à forma de tratar o processo “foi menos desunida do que muita gente dizia”.

O ex-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve falava à margem da inauguração da exposição itinerante “Europa 60 anos”, por ocasião do sexagésimo aniversário dos Tratados de Roma (1957-2017), patente nos Claustros da Sé, em Faro, até 26 de agosto.

Segundo o economista, a Europa depara-se esta segunda-feira “com um conjunto de dificuldades” relacionadas com uma situação “mais complicada”, quer a nível mundial, quer nos Estados Unidos ou no Leste europeu, contudo, “toda a gente tem a consciência que não é voltando para trás que se resolve isto”, mas consolidando o que existe.

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Tivemos [Portugal] um período muito bom, de início, tivemos um período de crise e estamos agora num período outra vez de recuperação que é relativamente prometedor em termos de voltarmos a uma situação mais favorável em termos da posição do país na Europa”, observou.

Aludindo às preocupações que existem, por exemplo, em relação à Polónia e à Hungria, que aderiram à UE em 2004, nomeadamente, relativamente à consolidação das premissas de um estado de direito, João Faria sublinha que este “será sempre um processo complexo”. Para aquele responsável, “não se pode avançar à velocidade que queremos e que pensávamos”, uma vez que “não é realista”, não só no que respeita às adesões, como ao aprofundamento da própria União.

O euro foi uma construção interessante, mas estava inacabada, está-se agora a tentar concluir, com a união bancária e o próprio aprofundamento não foi tão rápido como muita gente pensava, mas é um processo em construção”, ilustrou.

João Faria foi vice presidente da CCDR/Algarve entre 2000 e 2003 e presidente, de 2007 a 2011. Atualmente, integra o Quadro da Comissão Europeia, como pelo setor político da Representação da Comissão Europeia em Portugal.

A exposição que foi inaugurada esta segunda-feira reune a CCDR/Algarve e a Diocese do Algarve, sendo constituída por 14 painéis divididos em quatro secções temáticas, que percorrem a história da integração europeia desde a sua fundação em 1957, com documentos, imagens e testemunhos.