910kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

CDS. Corrente interna critica moção de censura. "Não é solução para nada"

Este artigo tem mais de 5 anos

"Não é solução para nada" e "prejudica pactos de regime". Advogado Pedro Borges de Lemos, militante do CDS, critica opção da direção por moção de censura. E que militantes não tenham sido ouvidos.

Comissão política executiva do CDS, órgão de direção mais restrito, decidiu apresentar moção de censura contra o Governo. Grupo parlamentar concordou. Mas militantes base queixam-se de não ter sido ouvidos
i

Comissão política executiva do CDS, órgão de direção mais restrito, decidiu apresentar moção de censura contra o Governo. Grupo parlamentar concordou. Mas militantes base queixam-se de não ter sido ouvidos

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Comissão política executiva do CDS, órgão de direção mais restrito, decidiu apresentar moção de censura contra o Governo. Grupo parlamentar concordou. Mas militantes base queixam-se de não ter sido ouvidos

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Foi uma decisão a direção do CDS, validada depois pelo grupo parlamentar, mas há militantes de base que não queriam ver o CDS a apresentar uma moção de censura contra o Governo na Assembleia da República. “Este não é o momento para ofensivas ou chicanas políticas, nem o momento para taticismo, é o momento para procurar soluções depois do luto e da dor”, diz ao Observador Pedro Borges de Lemos, advogado e membro da concelhia política do CDS de Lisboa, que encabeça uma corrente informal de opinião dentro do partido. Outras correntes internas, como a Tendência Esperança em Movimento de Abel Matos Santos, a única formalizada, contudo, são a favor da moção.

Depois dos incêndios de junho em Pedrógão Grande, que provocou 65 mortes, e depois de a tragédia se ter repetido este fim de semana no centro e norte do país, com mais 43 mortos registados até agora, o CDS entendeu que, ao fim de “quatro meses remetidos ao silêncio, unidos na dor e no luto nacional”, era agora altura de “dar voz à indignação” de todos. Na apresentação do texto da moção de censura, esta quinta-feira, o líder parlamentar Nuno Magalhães acrescentou que a moção serviria para obrigar os partidos da esquerda a avaliar se “houve ou não falhas graves”, recusando tratar-se de um movimento político “calculista”.

Não foi, contudo, esse o entendimento dos partidos da esquerda, que acusaram logo o CDS de “aproveitamento político” ou de protagonizar um gesto “grotesco”, nas palavras de Catarina Martins, por apresentarem a moção no primeiro dia de luto nacional. Esse é também o entendimento do militante democrata-cristão Pedro Borges de Lemos, que critica não só o timing como o propósito.

São, resumidamente, três as razões para estar contra: 1) as moções de censura devem servir apenas para fazer cair um Governo e, se o Governo cair, não é um governo em gestão que vai encontrar as soluções necessárias para a floresta; 2) se o CDS já sabia à partida que os partidos de esquerda iam votar contra a moção, segurando o Governo, então “pôs-se a jeito para ser acusado de oportunismo político”; 3) uma moção de censura chumbada dá argumentos ao Governo para ter uma “narrativa de vitimização” e prejudica “os consenso necessários e os pactos de regime” que têm de ser feitos sobre esta matéria.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Questionado pelo Observador, o advogado e comentador político sublinha que “o Governo esteve muito mal e deve ser responsabilizado porque falhou como nenhum outro”, mas, na sua opinião, o CDS tem outras vias de ação ao seu dispor, inclusive através do seu grupo parlamentar, para “continuar a fazer uma oposição construtiva e pacificadora com vista a encontrar soluções” para o problema dos incêndios e da floresta.

Ou seja, a apresentação de uma moção de censura no Parlamento serve apenas para “o CDS tomar a dianteira e mostrar que lidera a oposição” ao Governo, numa tática para ganhar balanço em relação ao PSD. Para Pedro Borges de Lemos isso não é necessariamente mau, “é positivo”, mas “não pode toldar a visão humanista e democrata-cristã do CDS, que nesta fase tem de pôr a prioridade nas indemnizações e no apoio às vítimas”. Trata-se, diz, de uma questão de responsabilidade política.

Para este militante democrata-cristão, que encabeça o recém-criado movimento interno CDS XXI (que não está no entanto formalizado dentro do partido), o CDS não devia ter avançado para a moção de censura para “sinalizar a indignação” porque uma moção de censura é “um instrumento jurídico-constitucional usado quando um partido quer que um Governo termine”. E a única coisa que o CDS sinaliza com isto é que “não oferece condições de diálogo”.

Tendência alternativa a Cristas é a favor da moção

Além de Pedro Borges de Lemos, também o presidente da comissão política concelhia do CDS de Ovar e conselheiro nacional do CDS, Fernando Camelo de Almeida, partilha da mesma opinião. “O facto de ter responsabilidades políticas num partido, não me inibe de dizer o que penso, sem me preocupar em agradar a dirigentes do meu partido e com plena consciência de que tinha mais a ganhar em fugir ao tema como outros fazem ou em dizer ámen como faz a maioria. Gosto muito de política, desde que feita com seriedade, com responsabilidade e com coerência”, escreveu no Facebook, dizendo-se “desiludido” com a forma como “se faz política”, referindo-se à “crispação” provocada pelo anúncio da moção de censura do CDS.

O movimento CDS XXI não é, contudo, um movimento formal de alternativa à direção de Assunção Cristas. Atualmente, a única oposição interna formalizada é a tendência Esperança em Movimento, subscrita por cerca de 400 militantes centristas, que está de acordo com a presidente do partido neste tema. “A moção de censura é adequada face à manifesta incompetência revelada pelo Governo em proteger os cidadãos e os seus bens”, diz Abel Matos Santos ao Observador.

E explica: “O CDS é um partido humanista de inspiração cristã, que radica a sua ação na democracia cristã, e não concebemos um Governo que se demita das suas mais básicas funções e que se demora a assumir responsabilidades”.

Também Filipe Lobo d’Ávila, que saiu do congresso do CDS há dois anos como a única voz formal de oposição interna, depois de ter apresentado uma moção de estratégia global contra a de Cristas que teve 23% dos votos, não podia estar mais de acordo com a decisão do partido. “Não encontro razão mais forte para censurar um Governo do que esta. Depois da enorme tragédia que assistimos e das declarações que ontem mesmo ouvimos da parte do primeiro-ministro, está bem Assunção Cristas e está bem o CDS ao censurar este Governo”, escreveu no Facebook na terça-feira. Ao Observador, o dirigente centrista reforça que está de acordo “no timing e no motivo”.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.