Cuidado com o cão: não o perturbem. Os guardas que fazem a segurança à casa do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, foram deslocados para o exterior da casa do governante, perto de Santarém, porque o animal não parava de ladrar com a presença de estranhos. O problema — noticiado pelo Mirante e confirmado pelo Observador — é que os militares da GNR que fazem segurança à habitação dizem não ter condições para desempenhar a função. A Associação de Profissionais de Guarda (APG/GNR) revelou ao Observador que enviou um “ofício para o comandante-geral da GNR a expor a situação”. Ou seja: a fazer queixa das condições que o ministro (não) dá aos militares.

Inicialmente, os guardas nem tinham forma de ir à casa de banho, sendo forçados a deslocarem-se à coletividade mais próxima da vivenda. Depois da primeira queixa, apurou o Observador, os militares já têm acesso a uma pequena casa de banho junto à piscina do ministro. Mas, de acordo com o presidente da APG/GNR, César Nogueira, “continuam sem um local para fazerem uma refeição quente e teriam direito a pelo menos uma, uma vez que fazem turnos de oito horas”. Os GNR são obrigados assim, conta César Nogueira, a “levar sandes” e a “comer no carro.”

Os guardas até entendem ficar dentro do carro na rua, mas defendem que o ministro deve criar condições para o mínimo de conforto dos guardas. César Nogueira entende que o “cão ladre a estranhos” e que a situação possa não ser sustentável, mas isso não impede que sejam dadas condições aos profissionais. Com mais responsabilidade ainda por ser a casa do ministro que os tutela. “Se o ministro que nos tutela não cria condições para os guardas na sua própria residência, será que o vai promover no resto do país onde há situações ainda mais complicadas? São estas pequenas atitudes que contam“, lamenta o presidente da APG/GNR.

A segurança a Eduardo Cabrita trouxe também problemas a três postos de GNR na zona de Santarém, sendo o de Almeirim o mais afetado. Para fazer segurança à casa do ministro, o posto de Almeirim ficou desfalcado de militares para as rondas habituais e para a segurança à população. No entanto, a APG/GNR acredita que o assunto está a ser resolvido e vão ser recrutados elementos da “unidade de intervenção” e não dos postos da zona. Na habitação mora também a ministra do mar, Ana Paula Vitorino, que é casada com o ministro da Administração Interna.

Contactado pelo Observador, o ministério da Administração Interna não quis fazer qualquer comentário ao assunto.

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