A Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) pediu mais meios aéreos e bombeiros, poucas semanas antes dos grandes fogos de 15 de outubro que provocaram 45 mortos. O Ministério da Administração Interna, então liderado por Constança Urbano de Sousa, apenas autorizou metade dos bombeiros pedidos e não deu autorização para prolongar por mais horas o contrato de aviões anfíbios.
A informação está a ser avançada pela TVI que cita documentos da ANPC, ainda comandada por Joaquim Leitão, e mails enviados para o ex-secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes. Os meios adicionais pedidos representavam um custo inferior a um milhão de euros.
Em setembro foram feitos dois alertas com pedidos para um reforço do número de bombeiros no norte e centro interior para a primeira quinzena de outubro. Um ofício enviado pela ANPC, e citado pela TVI, alertava para o perigo eminente de grandes fogos, num contexto de diminuição do dispositivo de combate com o fim da fase Charlie. A elevada temperatura, a falta de precipitação e a diminuição dos meios, faziam antever um cenário com elevado número de ignições e grandes dificuldades de resposta do dispositivo de combate.
Em concreto, avança a TVI, foram pedidos mais 525 bombeiros, o que custaria cerca de 350 mil euros. O MAI acabou por mobilizar metade dos homens que foram pedidos. A ANPC pediu igualmente que fosse estendido o contrato de quatro aviões anfíbios para 200 horas de voo que estava a terminar, o que teria representado uma fatura de 490 mil euros. Este pedido não foi autorizado, mas já depois do pior dia de incêndios, o Governo acabou por aprovar um reforço dos meios aéreos disponíveis.
Confrontado com esta informação pela TVI, o ex-secretário de Estado, Jorge Gomes, reconhece que podia ter sido feito mais no reforço de meios, mas considera que isso não teria feito uma grande diferença perante a dimensão dos fotos que atingiram Portugal continental. “O problema não era resolvido com mais 10 aviões”, disse.