O ministro do Ambiente avisa que a situação de seca “é grave” e alerta para a necessidade de “poupar água”, quando os principais sistemas de abastecimentos do país já dão sinais alarmantes: a barragem de Fagilde está a ser abastecida por camiões-cisterna, tendo reservas para um mês e “em todos os outros sistemas abastecidos por águas superficiais, existe água mais ou menos para dez meses”. Só os sistemas como o do Alqueva, Castelo do Bode e Douro e Paiva é que a situação “não é preocupante”, apesar de já existirem alguns sinais de alerta, avisa João Pedro Matos Fernandes.
Numa entrevista à TVI24, o ministro do Ambiente disse que perante este quadro de seca, há “uma dupla tolice: achar que no dia em que começar a chover o problema da seca se resolve e, mesmo quando se resolver, continuará a ser uma tolice não se fazer um uso muito cuidadoso da água”. A situação mais grave é em Fagilde, a barragem perto de Viseu, mas Matos Fernandes diz que há problemas noutros sistemas “abastecidos por águas superficiais — sobre águas subterrâneas existe informação menos fina e é só para abastecer pequenos aglomerados” — e faz um balanço, tendo em conta os níveis de chuva que existem até agora:
- Em Fagilde há água para mais um mês;
- Na Estação de Tratamento de “Água do Monte da Rocha, no Alentejo, existe para dez meses”, exemplifica o ministro;
- “Em sistemas como o Alqueva, Castelo do Bode ou Douro e Paiva, a situação não é preocupante, apesar de já começarem a aparecer azimutes”, que comprometem a qualidade da água.
Estas reservas, admite Matos Fernandes, “podem ser prolongadas se se conseguir reduzir os consumos” e apesar de não querer “alarmar” — até porque “está a chegar o Inverno e vem aí uma semana de chuva” –, o ministro também diz que “o passo seguinte” para responder à situação de seca severa e a problemas específicos de abastecimento de água passar pela “sugestão muito concreta” às autarquias para que reduzam a pressão na rede: “Perde-se menos agua, o débito é menor, o consumo também é menor e a maior parte das pessoas não sente”.
Quase metade da água tratada para uso humano é gasta em regas ou para lavar carros e ruas
De manhã, o ministro tinha dito que o racionamento de água seria o “fim de linha” e na entrevista televisiva acabou por afirmar que acredita que o país “vai ultrapassar” a situação “sem alarme, nem racionamento”, apontando “dois problemas” desta medida: “Provoca o encher de banheiras e só pode ser pensado pontualmente, para situações muito graves, em que se reduza o consumo durante alguma horas e em alguns sítios”.
Quanto tem de chover para a situação ficar resolvida? “Se tivermos 2 ou 3 meses chuvosos a partir daqui, o problema fica sanado em boa parte”, responde o ministro que logo a seguir diz que se chover uma semana “não se resolvem os problemas, mas a chuva é suficiente para imediatamente baixar os consumos, haver mais humidade e as pessoas gastarem menos água”.