A ginasta olímpica norte-americana três vezes medalha de ouro Gabby Douglas revelou na terça-feira que sofreu “abusos” por parte de um antigo médico da equipa de ginástica dos Estados Unidos.

A denúncia foi feita quando se desculpava por um comentário que fez, na semana passada, sobre a postura da antiga colega de equipa Aly Raisman em relação a vítimas de abuso sexual: “Independentemente daquilo que vistas, isso não dá nunca o direito a ninguém de te assediar ou abusar de ti. Seria como dizer que, por causa do maiô que usamos, tivemos a culpa de Larry Nassar ter abusado de nós”.

Gabby Douglas sucede assim a Aly Raisman e a McKayla Maroney, tornando-se na terceira da equipa feminina de ginástica “Fierce Five” a afirmar publicamente que foi vítima de Larry Nassar, o qual trabalhou quase duas décadas como médico da seleção de ginástica dos Estados Unidos até ser demitido em 2015.

A desportista, de 21 anos, tinha gerado críticas nas redes sociais depois de ter sugerido que as mulheres se deviam vestir de forma mais modesta para ajudar a prevenir abusos. Douglas afirmou que os seus comentários, que mais tarde apagou, foram tirados do contexto.

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“Não partilhei publicamente as minhas experiências porque durante anos fomos condicionadas a permanecer em silêncio e, honestamente, algumas coisas foram extremamente dolorosas”, afirmou, nas mesmas declarações, que tornou públicas na rede social Instagram.

“Apoio, do fundo do coração, as minhas companheiras de equipa para que exponham o que se passou com elas”, disse.

Raisman, capitã da equipa vencedora da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2012 e 2016, afirmou, numa entrevista ao programa “60 Minutos”, no início do mês, que foi uma das jovens vítimas de Nassar. “Nassar abusou de mim pela primeira vez quando eu tinha 15 anos”, afirmou a atleta.

Em outubro, McKayla Maroney, vencedora de duas medalhas nos Jogos Olímpicos de 2012, também tinha alegado que Nassar a molestou durante anos. Nassar, de 54 anos, alvo de múltiplas acusações de crimes sexuais, incluindo de abuso de menores, arrisca uma pena de pelo menos 25 anos. Preso no Michigan, aguarda ainda a sentença de um outro caso, relativo a pornografia infantil.